Notícias

14 de Abril de 2010

World Agricultural Forum (WAF) discute produção mundial em Brasília

Desenvolver novas tecnologias, assegurar renda ao produtor rural, melhorar a infraestrutura e desenvolver ações de marketing são os principais desafios para o desenvolvimento do agronegócio na América Latina, destacaram os ex-ministros Marcus Vinicius Pratini de Moraes, Roberto Rodrigues, Rubens Ricupero, do Brasil, e Miguel Campos, da Argentina, durante o lançamento da Regional da América Latina do World Agricultural Forum (WAF). A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) estima que até 2050 o mundo tenha 9 bilhões de habitantes que demandarão o dobro de alimentos. A melhora na renda da população, principalmente em países em desenvolvimento, vai elevar a demanda por alimentos mais sofisticados e a exigência dos consumidores por produtos de qualidade, economicamente viáveis e ambientalmente responsáveis. “No caso da China, se a gente observar o processo de urbanização daquele país, é impressionante ver como a demanda vai aumentar”, afirmou o ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero. Ele defendeu o uso de negociações bilaterais e criticou os subsídios pagos pelos países desenvolvidos. “Para a América Latina realizar o seu potencial agrícola, é fundamental rever a questão dos subsídios. Os países desenvolvidos devem continuar com esta política. E este deve ser um problema ainda mais sério no futuro. Dessa maneira, no curto prazo, o ponto mais importante é rever as regras de comércio internacional”. O ex-ministro da agricultura e membro do conselho administrativo do grupo JBS, Marcus Vinicius Pratini de Moraes acrescentou que o Brasil deve levantar esta questão na Organização Mundial do Comércio (OMC). “Os países desenvolvidos gastam US$ 1,2 bilhão por dia com subsídios. Esse é um ponto importante que distorce o comércio internacional e deve ser discutido na OMC”. Os ex-ministros receberam a imprensa nesta terça-feira, dia 13 de abril, para discutir e apresentar alguns dos principais destaques do World Agricultural Forum (WAF), que vai reunir em Brasília, nos dias 12 e 13 de maio, chefes de Estado, políticos, líderes empresariais, acadêmicos, economistas e meios de comunicação de todos os aspectos da cadeia produtiva. As discussões do congresso estarão em torno do papel da América Latina no desafio de dobrar a produção de alimentos, fibras e combustível até 2050. Com a população mundial crescendo em número e renda, o fator individual mais importante no desafio de expandir o agronegócio na região é o desenvolvimento tecnológico, disse Ricupero. O diretor para a América Latina da Novus Internacional, patrocinadora do WAF, Luis Azevedo, ressaltou que o mercado segue uma tendência de maior tecnificação do agronegócio. “Os avanços tecnológicos em nutrição animal, por exemplo, viabilizaram a produção de mais carne com menor uso de recursos, o que significa menor impacto ambiental”, afirmou. Segundo a FAO, 70% do aumento da produção agrícola que o mundo deve apresentar até o ano 2050 deve ser originada de ganhos tecnológicos. “Um elemento importante é que temos 20% da água doce do planeta, isso implica em sustentabilidade e sustentabilidade exige tecnologia. As novas tecnologias agrícolas vão contribuir não só para o aumento da produtividade, como também para a sustentabilidade no agronegócio”, ressaltou Rodrigues. Ele ainda destacou que o Brasil tem o privilégio de ter condições de triplicar sua produção agropecuária sem aumentar a área agriculturável. “Temos água doce e um produtor rural moderno, eficiente e competitivo”. Para Pratini, o Brasil pode ser importante fornecedor dessas tecnologias. “O negócio é gestão empresarial e tecnologia”. Ele destacou a importância de melhorar a infraestrura. “Outro desafio é logístico. Somos o país que transporta o maior número de quilômetros para chegar aos mercados. Viajar mais custa mais caro e isso implica na competitividade dos nossos produtos” Aumentar a produção agrícola implica em assegurar renda ao produtor, enfatizou Pratini. “Para aumentar a produção precisamos garantir renda, o que significa seguro de safras com componentes de catástrofe. Temos que remunerar o produtor, que precisa estar seguro também contra a volatilidade dos preços agrícolas”. Ele defendeu o uso de estratégias de marketing para promover o agronegócio brasileiro. “Precisamos cuidar mais da nossa marca. Temos três grandes desafios, que são desenvolver tecnologias, melhorar a infraestrutura e trabalhar ações de marketing. Estou falando em mudar nosso estilo de negociação internacional”, finalizou. O World Agricultural Forum (WAF) vai destacar o papel da América Latina no desafio de dobrar a produção de alimentos até 2050, além do abastecimento mundial de fibras, biocombustíveis e água. Quais investimentos em infraestrutura e de produção serão necessários na região? O mundo pode contar com a América Latina como uma fonte de matérias-primas de alimentos, fibras e combustível? Como certas diretrizes políticas afetam o abastecimento global? Estas são algumas das perguntas que líderes políticos e da iniciativa privada devem responder durante o encontro que vai acontecer nos dias 12 e 13 de maio em Brasília. O evento vai reunir produtores, indústrias de suprimentos agrícolas, empresas de tecnologia, instituições financeiras, transportadoras, empresas de telecomunicações, comerciantes e consumidores. Membros de governos e organizações políticas internacionais, cientistas, universidades, ONGs e meios de comunicação também participam do debate. O evento tem o patrocínio da Novus Internacional. O WAF traz temas polêmicos para discussão, como o debate entre alimento e combustível, a segurança alimentar e a segurança do alimento, a sustentabilidade da agricultura, os investimentos no agronegócio, a gestão de recursos naturais, o impacto do livre comércio, a tecnologia e aceitação da biotecnologia, o aumento da demanda e a redução da disponibilidade de água doce, os exemplos e os avanços em bioenergia, a agricultura e a mudança climática. O WAF reúne diferentes pontos de vista da agricultura global em uma plataforma de igualdade. Ao longo dos últimos cinco Congressos Mundiais, líderes compartilharam suas perspectivas sobre o agronegócio. Esta lista inclui chefes de estado, políticos, líderes empresariais, acadêmicos, economistas e meios de comunicação de todos os aspectos da cadeia produtiva. Outras informações no site www.worldagforum.org.