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02 de Agosto de 2010

Usinas vão aproveitar grão excedente

O governo do Estado pretende viabilizar a utilização do excedente de milho para a produção de etanol em Mato Grosso. A produção de milho, que também tem ajudado os produtores de soja a manter a produtividade da terra, encontra condições favoráveis e o excedente - que este ano chegou a 3,1 milhões de toneladas - tende a ser uma constante nos próximos anos. "Há uma proposta do Estado em fazer o etanol de milho, a tendência é passar esse excedente para a produção do combustível", revela uma fonte da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado, acrescentando que a capacidade instalada do Estado, que tem produção voltada a outros biocombustíveis como o etanol de cana-de-açúcar e biodiesel, poderá ser adaptada para a obtenção do novo produto. A tendência de crescimento da produção de milho para os próximos anos, segundo os técnicos do governo deve atender à demanda pelo combustível. Amplamente utilizada nos Estados Unidos, a produção do combustível a partir do milho é um processo menos eficiente que o utilizado no Brasil, que parte da cana-de-açúcar, segundo Hugo Molinari, pesquisador da Embrapa Agroenergia. De acordo com o pesquisador, a experiência de produzir o combustível é válida por se tratar de uma a partir de excedentes do grão. No entanto, ele enumera desvantagens do produto obtido a partir do milho, como a baixa produtividade, custo superior ao etanol da cana e balanço energético inferior. Os estudos mostram que um hectare de milho produz 3 mil litros de etanol. Segundo o pesquisador, "esse volume equivale à metade da produção das maiores indústrias de etanol de cana no Brasil". Além disso, a produção a partir do milho exige a aplicação de uma enzima, indispensável no processo e que encarece o produto final. A questão ambiental também é desfavorável ao uso do etanol de milho. Para Molinari, "a quantidade de carbono emitida pelo combustível - desde sua produção até a queima nos motores - é quase nove vezes menos absorvida pela própria planta que a do etanol da cana-de-açúcar". O último levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta produção de 7,5 milhões de toneladas de milho na safra 2009/10, no Estado, com aumento de 17,01%% na área plantada, que avançou de 1,64 milhão de hectares para 1,919 milhão de hectares. A produtividade fechou em 3,940 mil Kg/ha.