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23 de Fevereiro de 2022
Suínos: oferta e custo alto determinam pior relação de troca da história para produtor

O prejuízo contabilizado pela atividade neste início de ano é realmente assustador, destaca a Associação Brasileira de Criadores de Suínos
Em 2021 a disponibilidade interna de carne suína aumentou em mais de 284 mil toneladas, quando comparado com o ano anterior, resultando em incremento do consumo de 1,2 kg por habitante/ano, ou seja, crescimento de 7%, o maior salto da história em um ano.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que a média exportada de carne suína, nos primeiros nove dias úteis de fevereiro, ficou em pouco mais de 3,1 mil toneladas por dia, contra 4 mil toneladas diárias em fevereiro do ano passado, “indicando que não teremos, ao menos neste início de ano, crescimento significativo das exportações”, diz a ABCS.
Queda no valor dos suínos
A entidade relata que mais preocupante é a queda do valor da tonelada exportada, que, em fevereiro de 2021, foi de US$ 2.425 e agora (fev/22) recuou para US$ 2.166, tornando o mercado de exportação menos atrativo, o que também contribui para a queda de preço no mercado doméstico, em função de maior oferta.
Outro fator foi que a queda do preço de venda do suíno vivo foi agravada pelo custo de produção ainda em alta. Além disso, mesmo com a colheita da primeira safra de milho em curso, o milho segue em alta por causa da estiagem e quebra da produção na região Sul.
Os preços do farelo de soja também continuam em ritmo de alta, se aproximando dos R$ 3 mil por tonelada em algumas praças. Essa combinação de baixo preço de venda e alto custo dos principais insumos determinou, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), na primeira quinzena do ano, a pior relação de troca entre o suíno e o milho.
Para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, o cenário de alta de grãos, agravado por uma oferta elevada de carne suína, indica, pelo menos no primeiro semestre de 2022, “um período de muitas dificuldades para o setor, que já vem amargando prejuízos desde o início do ano passado”.
A ABCS informa ainda que tem trabalhado junto ao governo federal, solicitando medidas emergenciais que possam amenizar este momento, além de trabalhar no incentivo ao consumo para fortalecer o mercado interno, diminuindo a dependência das exportações e escoando o excedente da produção.
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