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11 de Abril de 2012
Suinocultura e Meio Ambiente: Evolução constante
Conheça os esforços do estado que motivou a produção sustentável
Água, sem dúvida uma das grandes riquezas oferecidas pela natureza. Presente que precisa ser cuidado, preservado. Consciência que há pouco tempo foi estimulada entre a população das cidades e do campo. Mesmo assim, ainda é possível encontrar rios com água límpida. Reflexos de atitudes tomadas a tempo de evitar desastres ambientais e ecológicos.
As atividades agropecuárias têm grande responsabilidade na evolução dos cuidados com o meio ambiente. Responsáveis pela base econômica do Brasil, o crescimento do agronegócio segue em constante avanço, dependendo de espaço e de boas condições para prosseguir. Mas para evoluir é necessário rever erros e evitar problemas futuros.
Preocupação que mudou a realidade da produção de suínos em Santa Catarina. O estado foi o primeiro no Brasil a adotar medidas e tecnologias com foco na preservação do Meio Ambiente e na auto-sustentabilidade das propriedades. O passo inicial foi à adesão ao TAC – Termo de Ajuste de Conduta da Suinocultura há quase uma década. Com o reflexo positivo, Santa Catarina criou o Código Ambiental Catarinense e abriu a discussão para a reformulação do Código Florestal Brasileiro. “Santa Catarina teve o cuidado de estudar melhor o assunto e realmente iniciar a mudança, pela lei nacional 80% das propriedades estão ilegais, devido à legislação que não levou em conta a diversidade das regiões brasileiras, o nosso Brasil real”, completa o Engenheiro Agrônomo e Deputado Federal, Valdir Colatto.
Um Brasil aberto para a suinocultura. Com a mudança da consciência dos produtores, importantes passos foram conquistados. “Hoje não encontramos mais suinocultores largando os dejetos diretamente na água, enquanto nas cidades isso ainda acontece, e com índices elevados, Santa Catarina por exemplo, só perde para o Piauí na falta de tratamento de esgoto, portanto ninguém mais pode culpar os produtores pela falta de atitude quanto à proteção do Meio Ambiente”, reforça Colatto.
Para o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Cláudio Rocha de Miranda, os reflexos da evolução da suinocultura começaram a ser vistos com a implantação do TAC – Termo de Ajuste de Conduta. Com o princípio de orientar, ao invés de autuar, mas determinando prazos para adequações ambientais, o começo foi possível. “Um marco para o estado, o TAC buscou adaptar uma legislação que era muito severa para a realidade da agricultura do Oeste, com isso conquistou o apoio necessário, através do bom senso e do envolvimento da sociedade, para promover avanços na questão ambiental”, destaca Miranda.
“Quando há boas práticas e o manejo adequado quem ganha é o Meio Ambiente e consequentemente toda a população que vive nas regiões produtoras”, pontua o Major Sidnei Schimidt, da Polícia Militar Ambiental de Santa Catarina, ao avaliar a aplicação do TAC em Santa Catarina.
O Comitê Regional da Suinocultura, criado em função do TAC, revelou que mais de 90% das propriedades suinícolas estavam operando sem o devido licenciamento ambiental. Dados levantado em 16 municípios pertencentes a região com a maior produção de suínos do Brasil, o Alto Uruguai localizado no Oeste Catarinense. “Quem ganhou com isso foi o Meio Ambiente, através da adequação da Reserva Legal, Proteção da Mata Ciliar, Construção de Lagos, enfim todas as exigências necessárias, compromisso que depende do bolso do produtor”, comenta o suinocultor, Paulo Secchi.
As mudanças feitas na propriedade de Secchi foram impostas pelo TAC. Os dejetos dos suínos foram canalizados para lagoas, revestidas com lonas resistentes, impendindo o vasamento. Sistema que mantem os dejetos concentrados e armazenados de forma correta, sem prejudicar o meio ambiente.
A Policia Militar Ambiental de Santa Catarina concedeu imagens das adequações feitas nas propriedades comprometidas com o TAC. “Novas esterqueiras, desvio de estradas, isolamento de Áreas de Preservação Permanente, controle de animais domésticos, adequação de tecnologias como as composteiras, que feitas de forma correta evitam o acesso de animais e insetos”, destaca Schimidt. Ele reforça ainda que no campo a Polícia Ambiental encontrava práticas irregulares, mas cometidas, na maioria das vezes, pela falta de conhecimento dos produtores. “Por isso buscamos detectar o problema, e junto ao Ministério Público veio o TAC, e passamos a orientar ao invés de multar os produtores pela falta de informação”, acrescenta o Major.
Após o TAC, Santa Catarina avançou com a criação do Código Ambiental Catarinense, que serviu como base para a nova legislação ambiental brasileira, o Código Florestal. “A consciência mudou, com a modernidade as tecnologias são possíveis, mas ainda existem propriedades que ainda irregulares, mas que seguiram orientações de 30 ou 50 anos atrás, por isso precisamos buscar uma realidade que contemple a produção e o Meio Ambiente”, finaliza Colatto.
Valores que precisam ser seguidos pelos produtores catarinenses e brasileiros, mas que também precisam garantir a viabilidade da produção de alimentos. Ao contrário, a suinocultura não terá estrutura para seguir em frente. “Precisamos de uma contra partida, um apoio do Poder Público para auxiliar a produção de suínos e as demais atividades, não temos mais como avançar, já fizemos de tudo para nos mantermos vivos sempre apoiando o Meio Ambiente, e se nada for feito, a grande maioria das pequenas propriedades irão acabar”, opina Secchi.