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14 de Agosto de 2009

Suinocultores querem o México

Apesar do Brasil ser o primeiro exportador mundial de carnes bovina e de frango e o quarto de carne suína, o mercado mexicano ainda não foi atingido. O problema é que a autoridade sanitária daquele país tem se recusado a realizar análise técnica dos produtos. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (ABIPECS), Pedro de Camargo Neto, o México se utiliza de barreira sanitária ilegal, impedindo a participação do Brasil no seu mercado. Vista com otimismo, a visita do o presidente do México, Felipe Calderón, pode reverter este quadro. Na avaliação de Camargo Neto, esta é uma oportunidade única para o presidente Lula manifestar insatisfação com a maneira com que os produtos agrícolas brasileiros têm sido tratados. "O México é um dos maiores importadores mundiais de produtos agrícolas, e o Brasil, embora esteja entre os maiores exportadores, tem participação irrisória naquele importante mercado", queixou-se. De acordo com a ABIPECS, o México está entre os quatro maiores importadores de carne suína do mundo. Importa cerca de 50% do seu consumo, ao redor de 400 mil toneladas, pois a produção local é insuficiente para atender a demanda doméstica. Entretanto, seu mercado é reservado aos americanos, impedindo que o Brasil participe da concorrência. Segundo Camargo Neto, tal medida não é referente ao Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), logo, o México poderia executar uma análise técnica em nosso País. "Do Nafta não poderíamos reclamar. Porém, uma missão mexicana não iria intervir neste acordo", explica o presidente da ABIPECS. "Não há razão plausível para que não seja executada a análise técnica referente à sanidade do produto do Brasil. Trata-se, nesse caso, de barreira ilegal", afirma. Mediação da OMC - As irregularidades praticadas pela agência sanitária do México foram tantas, que o Brasil solicitou a mediação do presidente do Comitê de Assuntos Sanitários da Organização Mundial do Comércio (OMC), informou a ABIPECS. "Esse pedido de mediação é o primeiro passo para eventual contencioso na OMC. Infelizmente, até o momento, somente foi possível realizar uma reunião de pouco resultado prático", lamenta Camargo Neto. Ele explica que a situação atual é a mesma em que o Brasil estava em agosto de 2007. "Naquele mês, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e o presidente Lula estiveram na Cidade do México. Porém, o tema foi tratado sem sucesso", afirma. Segundo o presidente da entidade, os produtores do Brasil estão revoltados com a maneira como têm sido tratados. "O argumento de proteção ao produtor mexicano não pode ser utilizado nesta questão", defende. "O México é grande importador de produtos de outros países e, no caso da carne suína, importador dos EUA. Queremos que o assunto seja tratado dentro das regras da OMC e que possamos enfrentar com nossos concorrentes", finalizou. Fiesp - A visita do presidente do México ao Brasil é importante para os dois países avançarem na direção de acordos comerciais mais amplos, que não se limitem ao setor industrial, podendo incluir negociações em áreas de investimentos e serviços. Esta é a posição da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "Num momento de saída da crise, é interessante a busca pela diversificação de mercados, e o México é um excelente mercado", diz o diretor de negociações internacionais da Fiesp, Mário Marconini, para quem seria um "bom precedente" o Brasil caminhar para "um acordo mais ambiciosos, que não seja parcial". A inclusão do agronegócio também seria uma conquista para os interesses brasileiros, acrescenta ele, destacando, contudo, a sensibilidade dos mexicanos aí (com dados do Valor Econômico). Segundo informações da ABIPECS, Felipe Calderón chega ao Brasil no dia 15 de agosto.