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07 de Dezembro de 2021

Suinocultor aposta em gestão e eficiência das granjas para tornar atividade rentável

Com a forte valorização do milho, custo de produção da carne suína aumentou 84% nos últimos três anos e obriga produtores a se reinventarem

O alto custo da produção na suinocultura nos últimos meses, causado principalmente pela alta do preço do milho e do farelo de soja, principais componentes da ração animal, combinado com o baixo preço pago ao produtor pelo quilo do suíno tem tirado o sono dos suinocultores de Mato Grosso. Como saída para diminuir os prejuízos e amenizar os custos, produtores investem cada vez mais na tecnologia aliada a uma boa gestão de recursos para extrair maior eficiência e fazer com que o animal atinja seu melhor desempenho na fase de engorda.

De acordo com estudo realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) em parceria com a Embrapa Aves e Suínos e a Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), o custo para produzir um quilo de suíno vivo em Mato Grosso subiu 84% entre 2018 e 2021. Para o diretor geral da Agroceres PIC e diretor presidente da Associação de Genéticas de Suínos (ABEGS), Alexandre Rosa, o cenário futuro é de melhora para o setor, mas é essencial que neste momento de elevado custo a gestão das granjas seja prioridade para os produtores.

“Neste momento, em que o custo de produção preocupa os produtores, a orientação é manter o foco na gestão de ganhos em eficiência dentro das granjas, minimizar custos e aumentar produtividade”, pontua Rosa ao acrescentar que a previsão é que devido à boa safra de milho deste ano o custo de produção, o custo pesará menos no bolso dos produtores, aliado ao aquecimento na demanda doméstica pela carne suína.

Com uma granja de suínos na cidade de Primavera do Leste (distante 243 km de Cuiabá) com capacidade para receber até 1.500 animais, o suinocultor Frederico Vagner França Tannure Filho conta que pelo fato de Mato Grosso ser um dos maiores produtores de grãos, a falta de indústrias do ramo alimentício faz com que os produtores fiquem reféns das principais commodities produzidas no Estado.

“O suinocultor passa por um momento em que ele precisa buscar alternativas para reduzir os custos de produção e tentar adequar a atividade com a realidade atual. Como estamos em um estado produtor de grãos, essa é basicamente a única opção de alimentos de qualidade para oferecermos aos suínos, diferente da situação de produtores que estão em regiões mais industrializadas, e podem recorrer à utilização de subprodutos na alimentação dos animais, como sobras e restos de fábricas de pães, macarrão e até mesmo chocolate na dieta dos animais, como forma de baratear os custos”, explica.

O produtor conta que a gestão da propriedade aliada ao uso de tecnologias para aumentar a eficiência nas granjas se tornaram essenciais para manter a atividade rentável e sustentável nos períodos de crise. “Buscar animais com uma conversão alimentar melhor para obter um resultado melhor no peso do animal, investir um pouco mais em sanidade para que o animal não adoeça e não enfrente desafios sanitários, o que aumenta o custo e diminui a produtividade das granjas, são os recursos que os suinocultores mato-grossense têm utilizado para diminuir o impacto dos custos. Além disso, oferecer aspectos de manejo e instalação de boa qualidade para que o animal atinja o seu maior potencial, produzindo mais com o mesmo e ainda contar com uma equipe qualificada e preparada para cumprir essas metas e diminuir desperdícios durante o período de terminação”, pontua.

Ainda de acordo com Tannure as relações comerciais saudáveis tanto na hora da compra dos insumos quanto na hora de comercializar o animal com os frigoríficos e compradores é essencial para manter o negócio com uma boa saúde financeira. “Em relação ao mercado, precisamos ficar atentos às cotações, na tentativa de buscar o melhor momento para a aquisição do milho e do próprio farelo de soja, que também compõe a ração do suíno, assim como para encontrar os minerais e vitaminas que fazem parte da alimentação do animal com melhor preço. Achar o equilíbrio ideal entre preço, condições de pagamento e claro a qualidade do produto”, conclui.

O presidente da Acrismat e também suinocultor da cidade de Sorriso (a 398 km de Cuiabá), Itamar Canossa, conta que a tendência é de melhora para a atividade neste fim de ano e que os produtores se preparam para aumentar a rentabilidade no período e recuperar as perdas no período de crise. “O consumo da carne suína tradicionalmente aumenta nas festas de fim de ano. É comum que neste período os suinocultores tenham se preparado para o momento e até mesmo segurado os animais nas granjas por mais tempo, esperando o mercado aquecer ainda mais e o animal ganhar um pouco mais de peso”.