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16 de Maio de 2011

Só os verdes param a locomotiva de Mato Grosso

O jornalista e blogueiro Paulo Henrique Amorim, que apresenta o programa Domingo Espetacular na Rede Record, esteve em Sorriso no dia 14 de maio – sábado, a convite da Acrismat – Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso, para uma palestra durante a realização do 7º Encontro dos Criadores de Suínos. De retorno a São Paulo, postou em seu blog Conversa Afiada o seguinte artigo: Só os verdes param a locomotiva de Mato Grosso A cidade de Sorriso é a maior produtora de soja do mundo em quantidade e qualidade. Sorriso fica a 420 km ao Norte de Cuiabá. Foi fundada há 25 anos, tem 60 mil habitantes e o melhor IDH de Mato Grosso. Para chegar dali ao Porto de Paranaguá, é preciso percorrer 2.300 km. E olha que, desde o início do ano, a BR-163 esta ótima, até Corumbá. O problema é em direção ao Norte, na direção do ponto extremo no Pará, o porto fluvial de Santarém. Falta asfaltar 400 km. E a presidenta Dilma se comprometeu a concluir a obra até dezembro do ano que vem. O jornalista Paulo Henrique Amorim em vôo com o pro- dutor rural Cláudio Zancanaro sobre a região norte mato- grossense. Corre ao lado de Sorriso um rio afluente do Tapajós: o Teles Pires. O sonho do produtor da região – que inclui, por exemplo, a dinâmica Sinop – é fazer o transporte fluvial: Teles Pires, Tapajós, Amazonas, e o mundo. Seria trocar os 2.400 km até Paranaguá, em cima de um caminhão – que queima óleo e polui – por 1.300 km em chatas. O Ministério dos Transportes – o DNIT – contratou técnicos para estudar a hidrovia. O balanço energético seria impressionante. A mesma carga custa a metade na ferrovia do que custa na rodovia. E na hidrovia custa 1/10 do que custa na rodovia. Essa hidrovia não está no PAC. Mas enfrenta desde já a oposição dos ambientalistas. Segundo o produtor Claudio Zancanaro, os ambientalistas temem pelo equilíbrio da fauna e da mata ribeirinha. É mais ou menos assim: o tráfego de chatas no rio pode despertar os macacos. Como a Blá-BláRina (termo utilizado pelo jornalista para nomear a senadora Marina Silva), que quase impede a construção de Santo Antonio e Jirau por causa do acasalamento dos bagres. Num passeio sobre a região de Sorriso, num Navajo do Zancanaro, é possível perceber, com facilidade: Não há mais espaço disponível para plantar. O empresário tem que investir em produtividade, em equilíbrio ecológico e naquilo que os economistas chamam de “agregar valor”. Além de produzir e esmagar soja e milho, empacotar soja e milho sob a forma de aves e suínos. E, progressivamente, peixes. Lá de cima é fácil perceber como se respeita ali o equilíbrio ambiental. As áreas de proteção ambiental, a beira dos rios totalmente preservada. A Blá-BláRina, ali, não abriria o bico. Não sei como foi a ocupação, quando os gaúchos de Passo Fundo começaram a chegar ali nos anos 70 do século passado. Devem ter feito um estrago. Mas, aprenderam, segundo Zancanaro, que preservar o meio ambiente é preservar a si próprio, o seu negócio, o patrimônio da família. Hoje, Sorriso é o maior produtor de suínos de Mato Grosso. E é um negócio em expansão acelerada. Conheci Paulo Lucion, presidente da Associação dos Criadores e Suínos de Mato Grosso, Acrismat. Ele é pioneiro na produção de suínos com total auto-suficiência energética. Do próprio suíno sai o metano que faz a fazenda, a criação e a indústria girarem. Neste domingo – 15 de maio, ele embarca para a China – a presidente acabou de abrir o mercado de suínos brasileiros para a China – com a intenção de vender suínos – e o conceito de auto-suficiência energética. E ainda dizem que o Brasil vai ser apenas, um exportador de commodity. Se os colonistas do PiG (termo denominado Partido da Imprensa Golpista, utilizado por órgãos de imprensa e blogleiros de orientação de esquerda para definir a imprensa tendenciosa) soubessem o que tem de tecnologia e pesquisa e PhD num pernil – magro – de porco com uma cervejinha estupidamente gelada … !) Sorriso aprendeu rápido: dez caminhões de milho equivalem a três caminhões de carne. Tudo isso se passa no cerrado, onde há duas safras por ano, por obra de brasileiros anônimos da NASA nacional, a Embrapa. E, agora, lá de cima já é possível ver os tanques de viveiros de peixe – tambaqui, pintado, pirarucu -, tudo alimentado à base de soja e milho. E muita tecnologia da Embrapa. O que falta?, pergunto ao Lucion e ao Zancaro. Radicalizar a produtividade com um ganho significativo no transporte. E qual o maior obstáculo, agora que as obras do PAC I e II começam a se materializar? São as ONGS dizem os dois. O raciocínio é de Zancanaro: O que sai mais barato para o estrangeiro? Aumentar a produtividade de seu produtor ou gastar meia dúzia de trocados com as ONGS? Financiar as ONGs e reduzir a competitividade do produtor brasileiro – claro! É mais barato construir uma moringa de água fresca na porta do Congresso do que atualizar a agricultura americana. O subsidio dói, aumenta o déficit americano. Ainda mais que, progressivamente, a agricultura brasileira se torna mais competitiva que a americana. Ali, Sorriso está em cima de uma mesa de bilhar – o Chapadão do Parecis, que vai de Paranatinga a Rondônia – o maior chapadão agriculturável do mundo, e que apenas 23% das terras estão plantadas. Tem terra, água, sol e empresário competente. Para abater esse pessoal de Sorriso só a golpes de chá verde.