Notícias

14 de Julho de 2009

Setor pede "agilidade e presença" do governo

O setor de suinocultura não sofre redução de preços apenas por falta de consumo interno, mas também pela não abertura de novos mercados externos, na avaliação de Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs (associação dos produtores e exportadores). Ele atribui a não abertura de novos mercados à falta de agilidade do Ministério da Agricultura. "Parece que a crise atual não tem nada a ver com eles [governo]." Essa falta de agilidade compromete a abertura de novos mercados porque as ações não dependem mais do campo técnico, mas apenas de "um empurrão político". O Brasil deve exportar 600 mil toneladas neste ano, volume sobre o qual patina há quatro anos, diz Camargo. Mercados como os da China e das Filipinas, embora continuem importando de outros países, excluem o Brasil. "O governo tem de se fazer mais presente." "O setor precisa entender que um acordo com outro país é um trabalho delicado, árduo e demorado", diz o ministro Reinhold Stephanes, "Não ocorre no ritmo do vendedor, mas sim no do comprador", diz ele. Camargo Neto atribui a queda de preços também à maior oferta de carne, provocada pela maior produtividade no setor, principalmente devido a avanços tecnológicos. A maior oferta interna e a não abertura de novos mercados externos vão cada vez mais acentuar os problemas no setor, diz ele. Armando Barreto Carneiro, produtor mineiro de Ponte Nova, concorda com Camargo. O produtor diz que a depreciação dos preços no setor passam não apenas pela gripe, mas também pela maior oferta interna e pelo mercado internacional. Na avaliação de Carneiro, que também é diretor comercial da Associação dos Suinocultores do Vale do Piranga, é necessária a criação de mecanismos para a elevação do consumo interno, de apenas 13 quilos anuais por habitante. Wolmir de Souza, produtor e presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos, diz que o fator gripe é determinante para a queda de consumo, que estima em 30% após a crise econômica mundial e o surgimento da A (H1N1). Ele atribui, no entanto, a questão cambial como um dos principais entraves ao setor. "As exportações do país podem até crescer, mas o dólar nesse patamar não consegue remunerar o produto." O custo médio de produção em Santa Catarina (maior produtor nacional), está em R$ 2,35 por quilo, para uma remuneração de apenas R$ 1,60. Esse desequilíbrio entre custo e remuneração faz os produtores perderem de R$ 80 a R$ 90 por animal, diz ele. As exportações cresceram 9% no primeiro semestre em relação a igual período de 2008, mas os preços médios caíram 25% em dólar, diz a Secex. (MZ)