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29 de Abril de 2011

Rússia critica Brasil

A Rússia, um dos maiores importadores de proteínas do Brasil, decidiu manter as restrições para a compra de carnes brasileiras. A decisão veio depois de o país ter enviado peritos para inspeção técnica, neste mês, em 29 unidades frigoríficas produtoras de carne bovina, suína, de aves e de industrializados no Brasil. De acordo com o comunicado publicado dia 19 de abril no site do Serviço Federal de Fiscalização Veterinária e Fitossanitária da Rússia (Rosselkhoznadzor), 13 unidades continuam proibidas de vender à Rússia e aos membros da União Aduaneira (Belarus e Cazaquistão). Outras oito unidades foram auditadas pela primeira vez e não foram habilitadas. Além disso, foram propostas restrições temporárias a todos os locais inspecionados. Em 2010, segundo a entidade russa, eram 27 unidades brasileiras com restrições temporárias e 14 embargadas. "É uma erro de interpretação, de que ao retirar um estabelecimento, se está retirando um estabelecimento como um todo, ou se está retirando a parte de produtos industrializados do estabelecimento, que muda muito. Então, isso é uma dúvida que precisa ser esclarecida rapidamente para dar maior tranqüilidade, não prejudicar", informa o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto. No documento, o órgão russo fez severas críticas ao sistema de inspeção da qualidade da carne brasileira. "A inspeção mostrou que a qualidade do sistema que assegura a conformidade do processamento da carne brasileira às normas de segurança russa decaiu nos últimos anos", afirma a nota. "A inspeção também mostrou que as matérias-primas e produtos acabados não foram completamente testados nas fábricas para sua conformidade com os padrões russos. Testes de monitoramento do mercúrio, pesticidas, dioxinas e os radionuclídeos não foram testados nas unidades durante os últimos três anos", mencionou. O Rosselkhoznadzor expôs ainda exemplos de práticas observadas nas unidades auditadas que não condizem com as normas de seguranças da Rússia. Segundo o serviço, as verificações dos animais que vão para o abate não estão adequadas. "Não há nenhum sistema de comunicação rápida entre o Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura e o departamento responsável pelas inspeções nas instalações das unidades. O diagnóstico laboratorial de diversas doenças aviárias infecciosas é feito apenas em um laboratório", descreveu o serviço. Os peritos que estiveram no Brasil também observaram que os diagnósticos antes e depois do abate de animais são realizados por "trabalhadores que não têm formação em medicina veterinária" e houve casos de abate de animais com sinais de erisipela bovina, suína e de tuberculose e brucelose. "Testes laboratoriais complementares não foram realizados para excluir ou confirmar a infecção", afirmaram. Além disso, análises laboratoriais de produtos de origem animal do Brasil demonstraram a contaminação por bactérias (Listeria, Salmonella, E.Coli) e do antibiótico tetraciclina. "A situação dá razões para duvidar da confiabilidade dos resultados dos controles veterinários e sanitários para as unidades. O sistema de controle em laboratório é extremamente ineficaz", ressaltaram. Por fim, o serviço russo informou que fez uma solicitação aos serviços veterinários do Brasil sobre como as irregularidades detectadas estão sendo corrigidas e sobre as garantias relativas à segurança da carne brasileira. O Rosselkhoznadzor também avisou que pretende realizar uma inspeção suplementar no país, "a fim de descobrir o quão efetivo o controle laboratorial dos produtos alimentares está de acordo com as normas de segurança da Rússia e da União Aduaneira." "As garantias que oferecemos durante a missão, prestaram os esclarecimentos e forneceram os documentos necessários para mostrar que o serviço veterinário e o serviço do Ministério da Agricultura, são equivalentes com o serviço russo e dão todas as garantias necessárias", diz o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Luiz Carlos Oliveira.