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22 de Setembro de 2010

Proteína do milho pode substituir o plástico

Pesquisadores de São Paulo querem produzir um substituto para o plástico a partir de uma proteína do milho. Os primeiros testes foram animadores. O milho é ingrediente numa infinidade de pratos. Pamonha, bolo, cural. Seco, o milho é triturado. Vira óleo, fibra, amido e glúten. No Brasil, apenas 15% dos grãos são aproveitados para consumo humano. E foi no glúten que os pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em São José do Rio Preto, descobriram uma proteína, a zeína, que tem características parecidas com as dos produtos sintéticos derivados do petróleo, usados para fazer plástico comum. A proteína é este pozinho amarelo, que é dissolvido em álcool e óleo e aquecido em banho-maria. Depois, a mistura vai para as fôrmas. Durante o processo, o álcool evapora. E depois de 24 horas em temperatura ambiente, o material se transforma em pedaços de plástico, como esse daqui. E o que é mais interessante: o produto é comestível e se transforma numa massinha sem gosto. Por isso, um dos principais objetivos da pesquisa é criar, a partir do milho, plástico para embalar alimentos, para fazer cápsulas de remédios, ou até mesmo para criar coberturas para aumentar a durabilidade das frutas. A pêra é mergulhada na mistura líquida. “Ela vai durar aproximadamente dez dias a mais que ela duraria. E outra vantagem é que ela fica mais bonita, fica com um brilho”, afirma a zootecnista Crislene Barbosa de Almeida. E quando o líquido quente é colocado na água fria, vira uma massa elástica, um tipo de resina, que pode se transformar em moldes de peças. Esta outra pesquisadora estuda métodos para aumentar a resistência e a elasticidade do plástico natural. “A gente acredita que, no futuro próximo, o uso da argila, junto com a proteína, no caso, a zeína, possa vir a substituir as sacolinhas plásticas tradicionais de supermercado”, diz a nutricionista Luciana Lopes Tavares. Os pesquisadores acreditam que será possível também criar uma alternativa natural às garrafas plásticas de refrigerante e produzir plásticos bem resistentes. ”Há muito pouco tempo, coisa de 15 anos, nós não tínhamos plásticos que nós temos hoje, que são utilizados nos carros e têm uma alta resistência e são muito leves. Eu acredito que nós vamos ter também o mesmo sucesso, sucesso parecido com esse, de obtermos também um plástico para ser utilizado em vários tipos de produtos”, explica José Francisco Lopes Filho, coordenador da pesquisa. A pesquisa para se chegar a esta fórmula durou quatro anos e o estudo ainda vai levar mais algum tempo para ser aperfeiçoado.