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28 de Fevereiro de 2024

Proibição de carne de cachorro na Coreia pode impulsionar mercado suíno brasileiro

Em janeiro, o parlamento da Coreia do Sul aprovou, por unanimidade de 208 votos, a proibição do consumo secular de carne de cães no país. O projeto ainda precisa passar pelo crivo do conselho de ministros e do presidente Yoon Suk Yeol, que apoia a proibição.

O governo local estima que um milhão desses animais sejam consumidos anualmente na Coreia do Sul, mas o país quer virar essa página. O motivo está na rejeição do hábito alimentar pelas novas gerações, nas afeições domésticas e de companhia entre as famílias e os cães.

A proposta caminha para proibir a criação, o abate, a comercialização e o consumo de carne de cachorro a partir de 2027. Quem desrespeitar pode, entre outras punições, ir para a prisão.

Essa perspectiva coloca em movimento outros segmentos de proteína animal, que avançam em acordos comerciais. E a suinocultura brasileira é uma delas.

“É importante acessar o maior número possível de mercados e estamos muito próximos de um acordo comercial com a Coreia do Sul. Temos capacidade de aumentar produção com qualidade e velocidade a qualquer mercado que venha solicitar a habilitação das plantas”, aposta o coordenador do Ramo Agropecuário da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), João Prieto.

Na avaliação dele, o principal desafio é consolidar a abertura desses tráfegos comerciais, independente do volume que se venda em um primeiro momento. “Depois, o foco precisa ser no aumento do envio dos produtos. O importante é ocupar espaços e acessar o país. Há alguns anos estamos em tratativas para esses credenciamentos e agora estamos próximos”, completou.

Ministério diz que acordo será firmado em 2024
A Coreia do Sul tem uma população de pouco mais de 51,7 milhões de habitantes e um consumo per capita de quase 40 quilos da carne de porco por ano, somando cerca de 2,1 milhões de toneladas. O país passa longe de produzir o volume necessário - apenas 1,4 milhão de tonelada por ano -, está de olho em fornecedores e paga bem por isso.

“Não temos dúvidas que o mercado com a Coreia do Sul estará aberto ainda neste ano. Recebemos missão em 2023 e habilitamos planta para a carne bovina, as próximas serão para a carne suína”, afirmou o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro.

O governo federal não considera a proibição do consumo da carne de cães como a condição mais relevante para a abertura do mercado sul-coreano, mas não descarta a utilização desses espaços para a conquista comercial de um país que está no topo da lista entre os mais exigentes no aspecto sanitário.

O presidente do Fórum Nacional de Sanidade Animal, Otamir Martins, acredita que a aquisição de proteínas do Brasil vai auxiliar na substituição de hábitos alimentares peculiares na Coreia, mas o foco, segundo ele, está no abastecimento de um mercado promissor que consome muita carne suína e precisa de grandes fornecedores.

Em média, os sul-coreanos consomem o dobro da carne suína per capita se comparado com o Brasil, onde a média está estimada em 20 kg/habitante, segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS).

“O que trava as exportações são as regras sanitárias. A Coreia, assim como o Japão, tem exigências elevadas e estamos nos preparando há muito tempo para esses credenciamentos. A Coreia está muito próxima dessas habilitações. Acabamos de credenciar um frigorífico no Paraná para a carne bovina e em seguida será a vez do mercado suíno”, destacou.

Gazeta do Povo | Foto:Jonathan Campos/Arquivo/Gazeta do Povo