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07 de Maio de 2012
Produtores argentinos chegam a acordo sobre importação de carne suína
Representantes da indústria frigorífica e de produtores argentinos chegaram a um acordo sobre o volume necessário de importação de carne suína para atender o mercado doméstico: em torno de 36 mil toneladas por ano, ou três mil toneladas por mês, como havia solicitado o ministro de Agricultura do Brasil, Mendes Ribeiro, em encontro com o ministro argentino Norberto Yauhar, em fevereiro. Essa cota, porém, não será exclusiva para o Brasil, já que o Chile também exporta suínos ao mercado argentino e reclama participação. O volume a ser liberado para importação inclui, além de carne in natura sem osso, toucinho e cortes de menor valor. A proposta para retomada das importações de carne suína foi entregue ao secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno. O setor espera uma resposta para a sexta-feira.
"Pedimos ao governo que nos permita importar 80% do volume que importamos em 2011 de carne fresca sem osso e toucinho, o que chegaria a umas 36 mil toneladas nesse ano", disse à Agência Estado uma fonte da indústria. Também ficou decidido que a cadeia não vai importar carne com osso nem produto terminado, como presunto, salame, salsichas e outros frios e embutidos. A decisão prejudica especialmente a Sadia, maior exportadora brasileira desse tipo de mercadoria para o mercado argentino. Em 2011, o país importou quase 3,5 mil toneladas de frios e embutidos, conforme estimativas da Câmara da Indústria de Frios e Embutidos (Caiha). Cerca de 80% desse volume veio do Brasil.
Em 2011, a Argentina importou aproximadamente 45 mil toneladas de carne suína, das quais 27 mil toneladas foram de carne fresca de pernil e paleta e o restante de retalhos e toucinho. Desde fevereiro o governo só autoriza a entrada de retalhos e toucinho para a indústria de embutidos e frios, única autorizada a fazer importações, se a proposta for aprovada por Moreno. "Até o ano passado, entrava meia rés que ia direto para os açougues e isso prejudica os produtores locais. Acertamos que o único importador será a indústria que importou em 2011", detalhou a fonte.
Ficou acertado ainda que a importação terá de ser constante em seu volume mensal para evitar saltos e acúmulos nos volumes, capazes de deprimir os preços para os produtores. Os representantes da indústria estão otimistas em relação à reabertura do mercado, mas se mostram preocupados sobre a viabilidade de manter o acordo com o secretário Moreno.
"Há requisitos indispensáveis para essa reabertura e não sabemos se podemos cumprir todos. O mais difícil é o que exige que compensemos as importações com exportações no mesmo valor. Esse não é um setor exportador", disse uma fonte à AE. Os fabricantes de frios e embutidos argentinos já estão fazendo contato com exportadores para tentar vender seus produtos a outros países. Porém, não há produção excedente para exportação. Por isso, estão procurando exportadores de vinhos, queijos e outros produtos para formar alianças.