Notícias

29 de Maio de 2024

Pesquisa analisa interações entre suínos e animais silvestres em pastagens para controle da tuberculose

Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Córdoba e da Universidade de Castilla-La Mancha está implementando medidas de controle da tuberculose animal em sistemas extensivos de produção, estudando as interações entre suínos e animais silvestres durante a fase de criação conhecida como “montanera”.

A “montanera” ocorre no outono, quando os porcos ibéricos pastam livremente em pastagens durante a maturação das bolotas, um período crucial para a qualidade dos produtos ibéricos, mas que também apresenta riscos de doenças transmissíveis devido ao contato com outras espécies pecuárias e selvagens.

Os pesquisadores analisaram as interações entre porcos ibéricos, veados, javalis e vacas em cinco explorações pecuárias na província de Cáceres, Espanha, usando coleiras de geolocalização para monitorar os movimentos dos animais. Dois contextos espaço-temporais foram estabelecidos: um de 30 metros e 10 minutos para interações diretas e outro de 30 metros e 12 dias para interações indiretas.

Os resultados mostraram que a frequência de interações entre as espécies era maior perto de pontos de água e alimentação e durante as horas centrais do dia e ao entardecer. O estudo identificou o cervo ibérico como a espécie que mais interagiu com outros animais, indicando seu papel potencial na transmissão de patógenos.

Este trabalho faz parte dos projetos TB-PORCEX AA-17-0031-1 e AGL2016-76358-R, com participação do grupo de pesquisa em Saúde Animal e Zoonoses da Universidade de Córdoba e do grupo de Saúde e Biotecnologia do Instituto de Pesquisa em Recursos Cinegéticos. O objetivo é avaliar, caracterizar e monitorar a tuberculose animal, além de implementar protocolos de biossegurança em granjas extensivas de suínos.

Desde 2017, a equipe estima que 2,3% dos suínos e 24,8% das explorações extensivas foram expostos ao Mycobacterium tuberculosis. Um novo método de diagnóstico também foi validado, detectando anticorpos em porcos e javalis.

Além disso, foram desenvolvidos programas de biossegurança específicos para 45 explorações pecuárias na Extremadura, Andaluzia e Castela-La Mancha. Esses programas estão em fase de implementação e sua eficácia será avaliada futuramente.

Os pesquisadores enfatizam a importância de manter a aplicação rigorosa das medidas de biossegurança para reduzir o risco de surtos de tuberculose animal e outras doenças infecciosas a longo prazo.

Texto e foto: Gessulic Agrimídia