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26 de Maio de 2011

Monsanto capta R$ 100 milhões via fundo

A americana Monsanto acaba de levantar no mercado de capitais R$ 100 milhões para financiar parte de suas vendas a prazo, tradicionalmente realizadas no chamado prazo-safra – um período de cerca de oito meses entre a venda de sementes e herbicidas, por exemplo, e o recebimento pela comercialização desses produtos. A captação foi feita por meio de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) criado pela empresa em março de 2010 e estruturado pelo Santander, como ferramenta para reduzir os custos de financiamento das vendas e dividir os riscos da operação com investidores. O fundo da Monsanto oferece como remuneração a taxa do Depósito Interfinanceiro mais 1,6% ao ano, com uma única amortização em julho de 2013. Essa é a segunda captação realizada pela companhia, que funcionou como complemento à primeira. Naquela ocasião, foram levantados R$ 180 milhões, pagando DI mais 2% ao ano e três amortizações. A primeira, de R$ 50 milhões, ocorreu em janeiro deste ano, a segunda, também de R$ 50 milhões, acontecerá em julho de 2011, e o saldo restante em janeiro de 2012. Segundo Cristiano Pinchetti, gerente de estratégia de crédito e tesouraria da Monsanto, a empresa é pioneira na captação de recursos pela modalidade de fundo de direitos creditórios no agronegócio brasileiro. “Nossas vendas ocorrem no que chamamos prazo-safra, ou seja, entregamos o produto no momento que o agricultor planta e só vamos receber por ele após a colheita e comercialização. Por essa modalidade, conseguimos maximizar nosso caixa e dividir o risco financeiro da operação”, afirma Pinchetti, referindo-se aos investidores que também financiam os agricultores. O executivo lembra que a primeira captação foi aberta ao mercado com aporte mínimo de R$ 1 mil. Para encurtar o tempo e os custos, os novos recursos foram levantados agora com uma oferta limitada a 50 investidores, com aplicação mínima de R$ 1 milhão. “O fundo teve uma boa performance no primeiro ano, e o mercado já nos enxerga como um produto conhecido. Além disso, reduzir o número de investidores e elevar os aportes acelera o processo e diminui os custos”, diz Pinchetti. Depois das duas primeiras operações, a empresa já prepara a terceira. A subsidiária brasileira negocia com a matriz para promover a captação entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões. A expectativa é que o fundo volte ao mercado entre o fim deste ano e o início de 2012. A opção da Monsanto pelo FIDC vem da necessidade que a empresa identificou de diminuir os riscos financeiros de suas vendas e de reduzir os custos. Hoje, a companhia também utiliza outras ferramentas financeiras – como “vendors”, linhas que bancos dão a fornecedores ou clientes de grandes empresas – e recursos próprios. A companhia não informa qual a participação que cada modalidade tem no financiamento de suas vendas, mas da parte que fica de fora do balanço da empresa, metade já é feita por meio do fundo. O FIDC foi classificado como nota brf AAA pela Standard & Poors. “As taxas de mercado são inferiores às praticadas pelos bancos. Mas, mais do que isso, o risco que o mercado está disposto a tomar é maior que o aceitável pelo banco”, afirma Pinchetti. O executivo considera que o investidor está cada vez mais atento às oportunidades do agronegócio diante das boas perspectivas para o setor.