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01 de Setembro de 2011
Milho sobe 120% em MT
A comercialização antecipada do milho focada no mercado externo é responsável pelo acréscimo médio de 120% no preço da saca do grão em Mato Grosso. Enquanto os agricultores comemoram a valorização do produto e a expectativa de incremento, na ordem de 27%, para a produção da safra seguinte, os produtores que usam o grão com insumo para a criação de suínos e aves estão receosos com a possibilidade de faltar o produto no mercado.
Isso ocorre porque a venda da safra que acabou de ser colhida está acelerada e já alcança 86% da produtividade total. Na temporada passada, neste mesmo período, chegava a 79%. Os dados são do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) e confirmam que há pouco milho disponível para consumo no mercado interno.
Segundo o superintendente Imea, Otávio Celidônio, não é descartada a falta do produto para a venda. Ele explica que a tendência é que os preços se mantenham acima do preço mínimo que é de R$ 13,98 a saca. E é justamente este o cenário. O preço da saca do milho chega R$ 21,50 no Estado, valor que é 126% maior da cotação do ano passado, quando o produto podia ser comprado na média de R$ 9,5 a saca.
"Nunca o milho atingiu valores tão altos, como foi nesta safra 2010/11", diz o último boletim do Imea.
A análise de mercado feita pelo Instituto ainda prevê que as negociações para a nova safra 2011/2012, estão aquecidas, de forma incomparável com safras passadas. "Se o mercado do cereal continuar no mesmo ritmo, a safrinha poderá ser negociada antes mesmo da soja, cultura que antecede o milho, e que, teoricamente, deveria ser vendida", conclui o informe. A elevação do valor tem preocupado principalmente os suinocultores de Mato Grosso.
Segundo o setor, o custo de produção está acima do preço de venda do animal.
"Enquanto gastamos cerca de R$ 2,10 por quilo para criar um suíno, o preço do animal no mercado não passa de R$ 1,70 o quilo", conta o diretor- executivo da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrismat), Custódio Rodrigues.
Para o governo, o mercado de milho ainda não é uma preocupação.
O diretor de operações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Chárles Córdova, explica que só há intervenção quando o mercado sinaliza, o que não vem ocorrendo.
"A ofertas de vendas do milho estocado no Estado estão ocorrendo lentamente. Para se ter ideia, ofertamos 46 mil toneladas do grão nos últimos meses, sendo que apenas sete mil foram comercializadas ao custo médio de R$ 16 a saca".
De acordo com ele, a falta de compradores indica que o mercado não está necessitando de ajuda do governo. Conforme ele, há 1,3 milhão de toneladas do milho estocado nos armazéns de Mato Grosso.