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27 de Agosto de 2009

Milho safrinha será menor, apontam produtores

Previsão é de queda de cerca de 30% na área cultivada com o cereal em Mato Grosso, para a safra 2009/2010. Decisão reflete os problemas atuais Encurralados pelos problemas de logística, falta de armazéns para estocar a safra e baixos preços no mercado interno, os produtores de Mato Grosso deverão reduzir em pelo menos 30% a área plantada do milho na safrinha de 2010. Eles alegam que os preços atuais não estão cobrindo os custos de produção. Esta semana o milho registrou sua pior cotação do ano, despencando para R$ 7 a saca de 60 quilos na região norte, onde o custo para se produzir uma saca chega até a R$ 13, dependendo a região. Os produtores mato-grossenses apontam a superoferta como uma das explicações para a queda dos preços, mas não vêem a migração para a cultura da soja. “Além da ótima safra (6,5 milhões de toneladas), o consumo de Mato Grosso é muito pequeno, apenas dois milhões de toneladas. O excedente deve ser escoado e, para isso, os produtores precisam dos leilões da Conab para não perder o milho por falta de armazenamento”, afirma o presidente do Sindicato Rural de Sinop (503 quilômetros ao norte de Cuiabá), Antônio Galvan. Ele diz que ainda é cedo para falar em queda, mas a tendência é de “grande redução de área” em função dos problemas atuais. “Teremos um recuo de no mínimo 30% na área”, prevê. O presidente do Sindicato Rural de Tapurah (433 quilômetros ao norte de Cuiabá), Marusan Ferreira Barbosa, também acha que o momento é de dificuldade, exigindo muita cautela por parte do produtor. “Os produtores, de fato, estão desanimados. As perspectivas para o milho não são nada favoráveis para 2010, pois os preços não estão remunerando e os produtores temem por mais prejuízos”. Segundo Barbosa, pelos custos atuais de produção o agricultor teria de vender a saca de milho por R$ 10,50 para não ter prejuízos. Por conta deste cenário, ele acredita que haverá redução de área em torno de 30%. “Mas tudo está atrelado à situação de mercado e clima. A redução poderá ser até maior”. O agrônomo Agmar Lima, consultor na região norte do Estado, diz ter informações de produtores que já tomaram a decisão de não plantar milho. “Mas, ainda é cedo para fazer esta projeção, pois 2010 ainda está longe e a situação poderá mudar daqui até lá. A verdade é que o produtor precisa plantar o milho para fazer a rotação na lavoura, aproveitando a adubação da soja”. Por enquanto, segundo Lima, as previsões para o milho ainda são uma incógnita. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Rui Ottoni Prado, também aponta os baixos preços do milho, a falta de armazéns e o alto custo do frete como principais causas da redução da área no próximo ano. Se em médio prazo a situação é incerta, a curto é pior ainda. Segundo o analista André Pessôa, da Agroconsult, os produtores de Mato Grosso deveriam ter um subsídio para sustentar os gastos com o frete. Mesmo com a ida de várias indústrias de carnes para a região, há uma sobra grande de milho que precisa sair rápido da região. “As previsões para o milho em 2010 não são boas e dependerão do comportamento do mercado”, disse. SOJA - Mesmo assim, os produtores não falam na possibilidade de o milho perder lugar para a soja no próximo ano. “Na verdade, em nosso Estado, o ciclo do milho é um pouco diferente, pois o grosso do plantio ocorre após a colheita da soja, em fevereiro ou março”, explica o agrônomo Agmar Lima. “Acredito que o ciclo de plantio será mantido. O que poderá acontecer é o produtor plantar menos na época da safrinha