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20 de Julho de 2009

Milho brasileiro supre demandas pontuais da União Europeia

Com relação ao milho brasileiro, um importador perene e com demanda relativamente constante, mas com saltos de importação em momentos de escassez local. Essa é a condição dos países da União Europeia como importadores de milho do Brasil, segundo estudo divulgado pela consultoria Céleres na última semana. A União Europeia tem sido vista pelos exportadores brasileiros de milho como o principal destino das exportações, mas a análise da Céleres, sobre os últimos vinte anos de consumo de milho na região, demonstra a ocorrência de apenas quatro anos em que a importação total de milho ultrapassou o patamar de 10%, embora, em 2007, 22% do consumo doméstico desse bloco tenham sido atendidos com milho de origem importada. "A Europa, de fato, é um dos mais importantes destinos do milho brasileiro, mas o próprio mercado europeu atingiu certo grau de estagnação, mesmo tendo aumentado consideravelmente nos últimos dois ou três anos", avalia Anderson Galvão, diretor da Céleres e responsável pelo estudo. "Os produtores podem e devem contar com exportações para o continente, porém sem esperar grandes saltos. A não ser, claro, se houver algum problema com a produção local da União Europeia", comenta. Segundo o Eurostat, o órgão responsável pelas estatísticas na UE, os principais fornecedores de milho em 2007, ano crítico para o mercado local foram Argentina, Brasil e Estados Unidos. Ao longo dos 20 anos analisados, no entanto, os momentos em que as importações do bloco europeu cresceram coincidiram com momentos de frustração da safra de cereais local, mostrando que a região configura-se como uma importadora pontual da commodity. Além da UE, há compradores novos Já no contexto global, a UE ocupa apenas o quarto lugar como importadora de milho, tendo respondido por 6,8% do total do milho importado entre 2005 e 2009, segundo números do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Merece destaque o fato de que, no acumulado, os países da Ásia e Oriente Médio respondem pela principal fatia do comércio global de milho. Outro aspecto que deve ser considerado como explicação para a presença relativamente modesta da União Européia na trade global de milho é a estabilidade da produção local de ração para a produção animal. Dados da FEFAC, a associação da indústria de ração do bloco europeu, apontam que a produção da indústria da alimentação animal está praticamente estagnada no bloco, tendo inclusive sofrido queda em 2008, em relação ao ano anterior. Para Anderson Galvão, o continente não deve ser encarado como a única saída para as exportações brasileiras. Ele aponta as regiões do globo que apresentam maiores carências de milho - e precisam, portanto, buscar fornecedores no mercado mundial. É o caso de algumas regiões no Norte da África, Oriente Médio e Ásia Central, além de vizinhos como Colômbia, Venezuela e Chile, criando o chamado eixo Sul-Sul das exportações de milho. A íntegra do estudo está disponível no website da Céleres (www.celeres.com.br).