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05 de Junho de 2011

Mídia Local repercute embargo Russo – Diário de Cuiabá

Governo russo anuncia nova restrição às importações de carnes e derivados de três estados, incluindo MT O governo russo anunciou ontem que vai suspender de forma temporária as importações brasileiras de carnes e seus derivados a partir do dia 15. A medida afeta 99% das empresas que têm negócios com aquele país. Ao todo, 85 frigoríficos de Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraná estarão impedidos de dar sequência aos embarques já programados. O Serviço Federal de Inspeção Veterinária e Fitossanitária da Rússia (Rosselkhoznadzor) afirma que as unidades não conseguiram atender aos requerimentos da união alfandegária. A Rússia é atualmente o maior consumidor de carnes do Brasil e em Mato Grosso respondeu em 2010 por 93% dos embarques suínos. Entre indústrias de abates e processamento de bovinos, suínos e aves, 21 estão localizadas em Mato Grosso. Dessas, 17 são frigoríficos de bovinos - mas deste número apenas 11 plantas estão em atividade - e o restante é de aves e suínos. Em relação às plantas de bovinos, estão suspensas as compras do JBS/Friboi (Barra do Garças, Pedra Preta, Araputanga e São José dos Quatro Marcos), Agra (Rondonópolis, frigorífico misto com abates de bovinos e suínos), Guaporé (Colíder), Marfrig (Tangará da Serra e Paranatinga), Sadia (Várzea Grande), Perdigão (Mirassol D´Oeste), Vale Grande (Sinop) e outras duas de suínos (Agra e Intercop) e duas de aves. O mercado ainda avalia as consequências sobre as exportações mato-grossenses, mas dois impactos são inevitáveis: queda imediata da cotação da arroba no mercado futuro (com pressão sobre os preços no disponível) e no decorrer dos meses sobre as exportações. Em princípio, a suspensão surpreendeu, mas é entendida como uma estratégia de mercado para forçar a redução dos preços do corte. A valorização internacional das carnes é um evento mundial – pressão sobre oferta e demanda – “e todo ano a Rússia faz isso para renegociar contratos, força a queda ao deixar de comprar e depois de alguns meses entra novamente no mercado”, aponta o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari. “O mais grave nisso tudo é colocar em xeque a imagem sanitária do Brasil e das indústrias, perante o mundo”. Vacari diz ainda que o Brasil, assim como Mato Grosso – maior produtor de bovinos do Brasil, mais de 28 milhões de cabeças – atende ao mercado consumidor mais exigente do mundo, a União Europeia. “Na lista de importadores de carne o Brasil tem 170 países”. Como frisa, o recuo nas cotações da arroba é certo, “pois o mercado é muito sensível”. Conforme Vacari, é necessário que o Ministério da Agricultura aja em favor do Brasil. “Se não há problemas de sanidade, que isso seja dito. Se houver qualquer inconformidade, que o Mapa atue para que deixe de existir”. “Eu não consigo entender essa arbitrariedade dos russos. Estamos cansados desse comportamento”, completa. Vacari destaca também que para o segmento bovino o peso das suspensões acaba sendo menor, pois desde o ano passado o Oriente Médio se tornou o maior consumidor da carne bovina produzida no Estado. Desde 2010, o bloco ultrapassou a Rússia. De janeiro a dezembro do ano passado, 33% das exportações de cortes bovinos do Estado tiveram o Oriente Médio como destino, especialmente o Egito. FIEMT - O presidente da Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt), Jandir Milan, também enxerga no embargo uma estratégia para baixar preços “e isso é preocupante, pois quebra o ritmo das vendas. Agora, a nossa atenção tem de se voltar ao tempo que o embargo vai durar. Não podemos nos desesperar, mas se houver gordura para cortar, que as indústrias revejam os valores e deem descontos para que a retomada seja mais breve possível”. Somente na comparação com os valores adotados pelo mercado internacional no primeiro quadrimestre de 2011 ante igual período de 2010, o complexo apresenta valorização de 25,3%. As maiores altas internacionais foram observadas nos cortes de aves (38,2%), seguido dos cortes bovinos (20,9%) e suínos (11%). PAUTA - O complexo carnes (bovinos, suínos e aves) é atualmente o terceiro segmento de maior força sobre a pauta do Estado, perdendo apenas para o complexo soja e as vendas de milho. Somente no ano passado, dos US$ 8,45 bilhões exportados por Mato Grosso, US$ 5,12 bilhões vieram do complexo soja, US$ 1,34 bilhão do milho e US$ 1,10 bilhão do complexo carnes. INCÓGNITA – Na relação de empresas embargadas pelo governo russo há no mínimo uma inconsistência. A Amaggi Exportação e Importação – principal braço do Grupo André Maggi – é citada como sendo uma das empresas suspensas, porém o foco de atuação da companhia é sobre grãos, os quais comercializa, armazena, processa e transporta. Não há nenhuma atividade ligada à criação de animais e nem de abate, muito menos exportação desses itens.