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15 de Julho de 2009

Mato Grosso é maior produtor nacional de carne e soja orgânica

Você é o que você come. Este é o ditado popular que mais se encaixa nas opiniões do dirigente da Korin, Reginaldo Morikawa. “O estresse das pessoas tem relação direta com sua alimentação. No intuito de se pagar menos, de economizar, os consumidores exigem produtos cada vez mais baratos. O pedido é atendido pelas indústrias e produtores rurais, que para reduzir custos, utilizam cada vez mais agrotóxicos contra os insetos nas lavouras e gorduras nos alimentos”. A Korin é uma das maiores empresas de produtos orgânicos do Brasil e está analisando a instalação de uma unidade produtora em Mato Grosso, no município de Chapada dos Guimarães. O estresse atribuído ao dia-a-dia corrido das cidades tem uma ponta em pequenas alterações no funcionamento cerebral nas explicações do representante da empresa. “Os defensivos agrícolas mais baratos, consequentemente mais utilizados, agem no sistema nervoso dos insetos impedindo que eles ataquem as plantações”, detalha Reginaldo. Ao se alimentar com estes alimentos, resíduos destes químicos vão se acumulando no corpo humano e passam a agir no cérebro. O resultado são inconstâncias de humor, fragilidade emocional, e até diminuição na fertilidade. Países com uma educação ambiental mais avançada que o Brasil já se conscientizaram destes malefícios dos agrotóxicos. Na França, 84% da população é favorável ao avanço da produção de orgânicos sendo que 77% querem consumir habitualmente este tipo de produto livre dos ‘defensivos agrícolas’. Os dados são da Organic Monitor, uma empresa de consultoria especializada em investigação do consumo global de orgânicos e indústrias relacionadas. Mas são os norteamericanos os maiores compradores de produtos orgânicos do mundo. Para suprir os 33% que habitualmente se alimentam com orgânicos, o país consome sozinho 50% de toda a produção mundial, o que representa anualmente U$ 25 bilhões. O mercado do orgânico cresce anualmente 10%, cerca de U$ 5 bilhões. Em 2008 o segmento movimentou U$ 51 bilhões. No Brasil, a cultura do mais barato mostra sua força. Menos de 1% da população consome produtos orgânicos. O preço de um alimento livre das toxinas químicas é em média 50% maior, mas em casos chegam a custar 200% mais que alimentos produzidos para abastecer a população como um todo. A falta de consciência dos benefícios à saúde também pode influenciar no preço. Mesmo com poucas pessoas no país se alimentando de orgânicos, a demanda é maior que a produção. Em todo o país são cerca de 20 mil produtores dedicados ao segmento que utilizam 6,5 milhões de hectares para sua produção. Estas terras representam apenas 1,67% da área passível para agricultura no Brasil. Mesmo assim, os brasileiros são os maiores produtores do mundo exportando 70% de seus orgânicos. “Mato Grosso possui destaque neste segmento. O Estado é o maior produtor nacional de soja e gado orgânico”, comenta Reginaldo Morikawa. Ele destaca que falta os empresários acordaram para a realidade atual, onde os consumidores querem sim cuidar de sua saúde e preservar o meio ambiente. “Sabemos que a maioria não quer mesmo pagar mais pelo orgânico, porém as pesquisas mostram que os consumidores destes produtos são fiéis e não se importam com preço. Atualmente eles não são atendidos com a quantidade necessária. É um espaço que está vazio”, pontua. A pesquisa citada destaca que 60% dos orgânicos no Brasil são consumidos na região sudeste do país, e outros 25% no sul. Os consumidores são em sua maioria (72,3%) mulheres, com mais de 30 anos de idade, casadas, com filhos, e renda superior à R$ 3 mil mensais. “E o principal, 90% destes consumidores não são fieis a marcas, abrindo espaço para que novas pessoas entrem no mercado”. É certo que muitas pessoas cumprem as recomendações de se lavar bem os alimentos antes de consumi-los no intuito de se retirar parte dos agrotóxicos, e devem continuar o fazendo, mas o dirigente da Korin faz um alerta. Devido aos ciclos de plantio e uso de químicos, as plantas estão recebendo o material pelas raízes. Este é o principal motivo dos alimentos produzidos atualmente possuírem índices mínimos de nutrientes. “Os vegetais acabam gastando os nutrientes para combater estas substâncias”, destaca Reginaldo Morikawa. Os produtos orgânicos possuem mais nutrientes que os vendidos tradicionalmente, os comerciais. Uma pesquisa realizada pela Rutgers University, nos Estados Unidos, comprovou esta teoria com total embasamento cientifico. Os pesquisadores compraram vários produtos em supermercados e lojas de alimentos naturais e analisaram seu conteúdo de minerais. O resultado foi além do esperado até mesmo dos habituais consumidores. A quantidade de ferro no espinafre orgânico era 97% mais alta do que no espinafre comercial, e o nível de manganês era 99% maior no produto orgânico. Além disso, muitos nutrientes essenciais estavam completamente ausentes do produto comercial, mas eram comparativamente abundantes no cultivado organicamente. (veja as tabelas nutricionais no final da matéria) Para se dar ideia do volume de interferências humanas no processo de produção alimentar, somente nos Estados Unidos são aplicados cerca de 11 mil toneladas em medicamentos para criação animal. “Todo este medicamento não desaparece. É por isso que reforçamos, as pessoas têm de reconhecer o valor do alimento orgânico. Todos vêem esta diferença entre carros, casas, mas nos alimentos isto ainda está começando”, ressalta Reginaldo. A diferenciação dos alimentos entre orgânicos e comerciais acaba indo contra o propósito ambiental, reconhece Morikawa. “A agricultura orgânica, ou biológica, vai contra ela mesmo. É o produto que mais usa embalagens. É necessário ficar claro ao consumidor que ele está comprando um produto melhor, e por isso mais caro”, diz. O site www.preservemt.com.br apoia iniciativas que mudam conceitos. O consumo de produtos orgânicos descarta a necessidade de tóxicos que poluem os rios e afetam todo o meio ambiente. A conscientização individual gera o exemplo para a mudança de uma sociedade. 24 Horas News