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27 de Janeiro de 2010

Mato Grosso busca outras viabilidades para escoar produção

Cansado de ter a remuneração pela produção diminuída por causa da dependência de um único modal de transporte, o setor produtivo mato-grossense tem se organizado e pressionado o governo para investir em outras opções. O escoamento da safra pelos portos do Norte e Nordeste é considerada a opção mais viável, quando seria possível otimizar o tempo desprendido com o transporte da safra entre um e quatro dias de navegação, conforme o país de origem e destino. Em menos de 15 anos, o sistema portuário dessas duas regiões poderá absorver parte dos embarques do Sul e Sudeste e movimentar 31,3 milhões de toneladas por ano, cerca de 52% da produção nacional de soja. Para ampliar a logística de transporte no Estado, uma das principais bandeiras do Movimento Pró-Logística (constituído por diferentes setores da economia e da sociedade mato-grossense) é a construção da hidrovia Teles Pires-Tapajós, por meio da qual os gastos com transporte diminuiria em até 70%, numa economia de US$ 925 milhões anualmente. Atualmente, se gasta US$ 1,3 bilhão. O projeto prevê a construção da hidrovia saindo de Sinop (MT) até Santarém (PA), encurtando a distância em até 500 km para escoamento da safra. “Por ela, poderiam ser escoados dois terços da produção matogrossense”, prevê o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Eamato), Rui Prado. Ele diz que neste ano a ultençào do movimento é incluir o assunto na pauta de discussão do Congresso Nacional. Outra alternativa para alcançar os portos dessas regiões mais facilmente — por onde são exportadas 15% da produção brasileira — seria por meio da conclusão da pavimentação da BR-163, que liga Cuiabá a Santarém-PA. Ainda restam 782 quilômetros a serem pavimentados no estado vizinho, apesar da obra constar no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Além dessas alternativas, representantes do Movimento Pró-Logística consideram ainda o escoamento pelo Porto de Itaqui-MA. Há previsão de que R$ 800 milhões sejam investidos no porto, aumentando a capacidade atual de movimentação de grãos de dois milhões de toneladas ao ano para até 13 milhões de toneladas anuais a partir de 2013. Atualmente, para retirar a produção de uma das principais regiões agrícolas do Estado, a região norte, o custo diário do frete até os portos do Sul e Sudeste pode chegar a US$ 140 por tonelada de soja, por exemplo. Por Santarém (PA), essa despesa poderia ser reduzida em até 28,58%, beneficiando principalmente o norte e médio-norte mato-grossenses. Embora parte da produção de soja de Mato Grosso já seja escoada pelos portos de Itacoatiara (AM) e Santarém (PA), ainda é necessário investir na ampliação dessas estações. Para o embarque da produção mato-grossense ser realizado nestes portos, é necessário percorrer quase 900 quilômetros até Porto Velho-RO, seguindo então pela hidrovia do rio Madeira, com acesso ao Rio Amazonas, para finalmente ser encaminhada ao continente europeu. No ano passado, foram transportados 1,40 milhão de toneladas de soja de Mato Grosso por Itacoatiara-AM e, por Santarém, no Pará, outras 646,93 mil t.