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19 de Agosto de 2011

Grãos em baixa

Mais uma vez as turbulências financeiras "derrotaram" os fundamentos de oferta e demanda e derrubaram as cotações dos principais grãos na quinta-feira na bolsa de Chicago. Ainda que as incertezas irradiadas das rachaduras nas contas americanas e da crise das dívidas em países europeus de fato suscitem dúvidas sobre o futuro da demanda global por commodities, foi a fuga de grandes fundos de investimentos em direção a outras aplicações de menor risco que determinou as quedas, segundo analistas consultados por agências internacionais. Dos três grãos de maior liquidez em Chicago, o trigo superou milho e soja e foi o que registrou maiores perdas. Os contratos futuros do cereal com vencimento em dezembro deste ano - que atualmente ocupam a segunda posição de entrega, normalmente a mais negociada - registraram baixa de 18,75 centavos de dólar e encerraram a sessão a US$ 7,3925 por bushel (medida equivalente a 27,2 quilos). Em meio às turbulências financeiras no mundo desenvolvido, passou praticamente despercebida a revisão para baixo da estimativa do governo da Argentina para a área plantada de trigo do país na safra 2011/12. A estimativa oficial passou de 4,7 milhões para 4,5 milhões de hectares. Ainda assim haverá crescimento em relação ao ciclo 2010/11, agora de 2,9%. A notícia é particularmente importante para o Brasil. Um dos maiores importadores de trigo do mundo, o país costuma cobrir grande parte de sua demanda doméstica com trigo da Argentina, um dos grandes exportadores. No mercado de milho em Chicago, os contratos de segunda posição de entrega (dezembro) recuaram 12,50 centavos de dólar e fecharam a US$ 7,13 por bushel (25,2 quilos) na quinta-feira. No caso da soja, a segunda posição (novembro) fechou a US$ 13,61 por bushel (27,2 quilos), em baixa de 5,75 centavos de dólar. A queda da soja foi menor por conta das adversidades climáticas em regiões produtoras americanas. Conforme analistas baseados em Chicago, é grande a possibilidade de que o clima seco em áreas do Meio-Oeste reduza a atual safra do país, maior produtor e exportador mundial da oleaginosa, à frente do Brasil. Agosto, lembraram, é o mês em que as lavouras dos EUA estão mais suscetíveis a esse tipo de intempérie.