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21 de Agosto de 2024

Crise na indústria de suínos na China impacta importações de soja

Gigante asiático reduz compras do grão nos EUA, enquanto eleva abates locais de suínos, derrubando o consumo interno de farelo de soja

A especulação de uma eventual “guerra comercial” entre os Estados Unidos e a China – dependendo dos resultados das eleições no país da América do Norte – mantém em alerta os operadores de soja na bolsa de Chicago, segundo informam os analistas da Bolsa de Comércio de Rosário, na Argentina.

Neste momento, apenas 1 milhão de toneladas de soja da safra 2024/25 foram entregues pelos Estados Unidos ao mercado chinês.

“Nesta altura do ano é normal que os novos compromissos de mercadorias entre ambas as potências cheguem a 7,6 milhões de toneladas considerando a média dos últimos quatro anos”, comparam os analistas.

Neste contexto, a China mantém o foco da sua procura (pela soja) na América do Sul, porém, ressalta a Bolsa de Rosário, o momento atual marcaria uma transição das compras para a América do Norte, devido à chegada da nova colheita.

No primeiro semestre de 2024, as importações de soja da China caíram 9% em relação ao primeiro semestre de 2023, totalizando 48 milhões de toneladas, provenientes principalmente do Brasil.

A China é o principal importador do mundo de soja, respondendo por 61% do mercado total, com 100 milhões de toneladas adquiridas anualmente, considerando a média dos últimos cincos anos.

Segundo os analistas da Bolsa de Rosário, o impacto da situação chinesa no mercado internacional da soja é mais do que significativo e explica em grande parte as correções abruptas que os preços das oleaginosas têm sofrido nos últimos meses.

Na visão dos analistas, com a expectativa de bons níveis de oferta nos Estados Unidos e nos demais principais países produtores, os preços do grão tendem a cair ainda mais, validando níveis mínimos em mais de quatro anos.

Carne de porco
A China é responsável por metade do consumo mundial de carne suína. De acordo com o último relatório disponível do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) relativo ao ano de 2024, espera-se uma contração de 3% no consumo local de carne suína, explicada em parte pela desaceleração econômica enfrentada este ano pelo gigante asiático.

Além disso, dizem os analistas da Bolsa de Rosário, o estoque chinês de carne suína sofreu uma redução significativa em relação aos elevados níveis alcançados nos anos anteriores.

Entre janeiro e junho de 2024, a taxa de liquidação do rebanho de suínos da China atingiu o maior patamar em pelo menos quinze anos.
De acordo com a última atualização do USDA, neste ano, o número de cabeças no país asiático recuou 3% em relação resultado de 2023, para 695 milhões de animais, o nível mais baixo desde 2021, o que resultará no menor estoque de passagem desde 2019.

Com isso, a redução no plantel chinês derrubou o consumo de farelo de soja, e, consequentemente, o preço local do produto sofreu queda de 23% desde o início do ano, chegando ao seu nível mais baixo desde agosto de 2020.

“O fato é que, além da queda na demanda, o gigante asiático apresenta elevados níveis de estoques de soja nos principais portos”, observam os analistas, acrescentando que as esmagadoras do grão na China estão operando com margens negativas.

Portal DBO | Foto: Divulgação