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15 de Janeiro de 2010
Com preço menor, colheita de soja começa a avançar em MT
Começou com preços mais baixos a colheita de soja nos principais polos de Mato Grosso, maior Estado produtor do grão do país. Levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) em 12 praças aponta quedas médias entre 13,3% (Campo Novo do Parecis) e 17,4% (Sapezal) neste início de janeiro na comparação com igual intervalo do ano passado.
Na média mensal até o último dia 13, em Campo Novo do Parecis a saca de 60 quilos foi cotada a R$ 31,14, ante R$ 35,91 na média de janeiro de 2009 fechada no dia 14. Em Sapezal, o preço recuou de R$ 37,28 para R$ 30,79. São retrações que não surpreendem os agricultores, que já sabiam que a deterioração do dólar tiraria sustentação dos preços em real. Mas que mantêm o sinal de alerta ligado, tendo em vista novas projeções de queda do patamar de cotações no mercado internacional.
"Esperamos que o bushel não caia abaixo de US$ 10 na bolsa de Chicago. Mas se cair a US$ 9 e o dólar subir, também poderá haver uma compensação", afirma Glauber Silveira, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), ao Valor. Silveira realça, ainda, que metade da produção esperada para esta safra 2009/10 já está com preços "travados" nos elevados níveis dos últimos meses, o que também serve de proteção para os produtores em caso de tombos futuros.
Ontem, em Chicago, parte dos temores de Silveira se confirmou. Os contratos do grão com vencimento março (que ocupam a segunda posição de entrega naquele mercado, normalmente a de maior liquidez), encerraram a sessão negociados a US$ 9,84 por bushel, queda de 8,50 centavos de dólar, ou 0,85%, em relação à véspera. O dólar registrou valorização em relação ao real, é verdade, mas ela foi de 0,28% em relação a quarta-feira - menor, portanto, que a queda dos preços.
Para os analistas da Newedge nos EUA, há espaço para uma queda de quase 10% das cotações em Chicago em relação aos níveis atuais. Há fatores técnicos inerentes aos movimentos dos investidores em Chicago que justificariam parte dessa retração, mas há ainda um quadro fundamental que, até agora, também justifica alguma pressão.
O último relatório do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) trouxe correções para cima da produção mundial do grão em 2009/10. Ainda que leve em consideração resultados concretos no Hemisfério Norte e apenas projeções no Hemisfério Sul, onde o grosso da safra ainda está em desenvolvimento, o cenário atual pode ser considerado baixista.
Silveira se apoia nesse ponto - o das projeções para Brasil e Argentina - para justificar os motivos pelos quais considera ser precoce qualquer previsão para os dois países. É um ano de El Niño, e fortes chuvas no Sul do Brasil e adversidades também no campo argentino podem provocar reviravoltas nos fundamentos de oferta e demanda e, portanto, nos preços internacionais do grão.
Até agora, contudo, as projeções oficiais apontam para uma safra recorde no Brasil, liderada por Mato Grosso, e para recuperação na Argentina após a quebra climática observada no ciclo 2008/09. Silveira lamenta, de qualquer forma, que esta será uma safra de margens menores.