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26 de Junho de 2024

Carnes: preço de venda do suíno mudou de patamar em junho, diz ABCS

O mercado ajustado e a estabilidade na produção de suínos começam a resultar em melhores preços pagos ao produtor.

Dados de abate oficiais do primeiro trimestre/24 e extraoficiais de abril e maio/24 indicando, na média, pequeno crescimento da produção (menos de 3%) que, aliado a uma pequena elevação das exportações em relação ao ano passado, demonstram que a disponibilidade interna de carne suína se mantém estável. 

As cotações do suíno vivo para abate vinham mais ou menos na mesma linha de estabilidade, com pequenas oscilações de demanda ao longo do mês, incluindo a tendência de alta nas primeiras semanas em função da entrada dos salários.

Este comportamento das cotações do suíno vivo mudou em junho, podendo ser evidenciado pelos preços da Bolsa de suínos de Belo Horizonte (BSEMG) ao longo do ano. 

Em resumo, com as cotações da BSEMG ultrapassando a barreira de R$ 7,00; bolsa em acordo (fechada) por várias semanas consecutivas, se mantendo em alta até a última semana de comercialização do mês, são indicativos para afirmar que o preço do suíno em junho mudou de patamar, para melhor. 

Este mesmo comportamento, de aumento das cotações, pode ser observado no preço da carcaça suína em São Paulo, em junho. 

Por outro lado, a carne bovina, com volumes de abate superiores aos do ano passado, apresenta viés de queda nas cotações em junho. Este comportamento antagônico entre a carne bovina e suína em junho determinou, pelo menos até o dia 21, uma aproximação dos preços das duas carcaças (redução do spread). 

O quilograma de carcaça bovina que chegou a valer mais que o dobro da carcaça especial suína em 2021 e 2022, em junho deste ano está com diferença próxima a 40% apenas. Segundo o Cepea, a diferença entre o preço da carcaça especial suína e o da carcaça casada bovina em junho/24 é a menor desde novembro/20, na ocasião o kg da carcaça suína ultrapassou R$ 13,00. 

Esta redução do spread entre as duas proteínas reforça a situação de relativa escassez de carne suína no mercado neste momento, mas pode ser um limitante para maiores altas desta proteína nas próximas semanas, se o boi não voltar a subir significativamente. 

Exportação da carne suína
Em relação às exportações de carne suína in natura, o mês de maio manteve a tendência de queda de embarques para a China que, no acumulado do ano reduziu em quase 40% as importações de carne suína brasileira, quando comparado com o mesmo período do ano passado. Assim, o país, que já comprou mais da metade de nossas exportações, na soma dos primeiros 5 meses de 2024 representou somente 23,5%. 

Por outro lado, as Filipinas se consolidam como o segundo maior comprador do Brasil e o México, um dos maiores importadores de carne suína do mundo, pelo segundo mês consecutivo, volta a comprar volumes expressivos de carne do Brasil.

Isso acontece após uma suspensão de praticamente 4 meses, determinada pela justiça do país, em função de pressão dos suinocultores mexicanos. 

Colheita da segunda safra avança e as cotações de milho se mantêm em queda 
Segundo consultorias ouvidas pela ABCS, a colheita do milho safrinha no Centro-Sul do Brasil já acumula 9,1% da área colhida até dia 14 de junho, cerca de 3 pontos percentuais acima da média histórica, sendo que o Mato Grosso colheu até o momento cerca de 14% de suas áreas de safrinha. 

Os EUA já terminaram o plantio da safra de milho que está nos estágios iniciais de desenvolvimento vegetativo e até o dia 16 de junho apresentou as melhores condições de cultivo dos últimos 4 anos, com 72% das áreas sob boas ou excelentes condições de desenvolvimento. 

A Conab divulgou no dia 13 de junho o nono levantamento da safra 2023/24 que, novamente, trouxe um aumento na previsão de volume de milho a ser colhido, em mais 2,5 milhões de toneladas, totalizando 114,1 milhões de toneladas a serem colhidas. Ainda segundo a Conab, deste total, pouco mais de 88 milhões de toneladas devem ser produzidas nesta segunda safra. 

Com alta disponibilidade de milho estocado ou a ser colhido no Brasil e com a safra estadunidense se estabelecendo bem, as cotações do grão apresentaram ligeira queda em junho, até o momento. 

O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, comemora, “finalmente o preço do suíno vivo ultrapassou por mais de duas semanas a barreira dos R$ 7 em Minas Gerais, uma tendência de alta que se observa também nas demais praças relevantes da suinocultura.” 

A redução da diferença de preço entre a carcaça suína e bovina dá mostras de que, mesmo com a diminuição da competitividade em preço, a demanda por carne suína tem ultrapassado a oferta e sustentado os preços.

Além disso, a alta oferta doméstica e mundial de milho e a aproximação do segundo semestre, que tradicionalmente incrementa a procura por carne suína, deixa o setor mais otimista para os próximos meses, conclui.

Canal Rural | Foto: Divulgação