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18 de Setembro de 2009
Carne suína contra anemia em crianças de SP
Um projeto inédito e que conta com o apoio da Associação Paulista dos Criadores de Suínos (APCS) vai avaliar a utilização de fígado suíno na merenda de pré-escolas de São Paulo para combater a Anemia, um dos problemas nutricionais mais graves do mundo e que só no Brasil atinge 20,9% das crianças em idade pré-escolar.
O trabalho vai ser implementado pelo Centro de Tecnologia de Carnes do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado e pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, e viabilizará quatro produtos: bolo de carne, empanados, salsicha e mistura fortificadora. “Pensamos em questões que contemplem o sabor e a riqueza protéica presentes na carne suína”, explicou o pesquisador do ITAL, professor Expedito Tadeu Facco Silveira, que coordena o projeto.
Ele diz ainda que a ação de enriquecimento de ferro em dietas para crianças vai ser avaliada pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP) e deve chegar ao prato de 220 crianças até julho do ano que vem. “Também contamos com o apoio dos produtores paulistas para nos fornecer a carne necessária para os últimos testes, a indicação dos três níveis de ferro que usaremos nas receitas e o desenvolvimento dos produtos. Além de motivar ainda mais o consumo da carne, que hoje já é responsável por um Valor Bruto de Produção acima dos nove bilhões de reais e muito conhecida pela riqueza nutritiva e pelas proteínas de mais alto valor biológico”, reforçou Expedito Tadeu.
O projeto foi apresentado nesta quinta-feira à tarde, em Campinas (SP), durante a 36ª Bolsa de Suínos da APCS, realizada no próprio ITAL. A Anemia ocorre quando o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do normal por causa da carência de um ou mais nutrientes essenciais, como o Ferro. A hemoglobina é o pigmento dos glóbulos vermelhos que tem a função de transportar o oxigênio dos pulmões aos tecidos. Segundo a Organização Mundial de Saúde, 30% da população mundial é anêmica (aproximadamente 1,8 bilhão de pessoas), sendo que sua prevalência entre as crianças menores de 2 anos chega a quase 50%.
“É possível curarmos a anemia com medicamentos. Mas optamos por uma tática mais saudável e envolvente com as crianças”, afirmou Michelle Teixeira Silvério, do curso de Farmácia da PUC, que vai trabalhar junto com as professoras Silvana Srebernic e Semírames Domene. A PUC vai elaborar a mistura fortificadora e realizar todos os exames iniciais nas crianças (estado nutricional, saúde, de sangue), além de acompanhar e quantificar os resultados da nova dieta.
“Se o cronograma seguir direitinho, no primeiro semestre de 2010 desenvolveremos os produtos, as crianças serão avaliadas e os pais delas inseridos no contexto do projeto. Assim, o segundo semestre vai começar com os alimentos na merenda dos alunos com idade entre 2 e seis anos, de bairros pobres de Campinas. Separaremos as crianças em dois grupos. Um seguirá a merenda normal, já servida nas escolas. O outro será nossa base de dados, comendo os quatro produtos. Ao final, vamos comparar os resultados obtidos que, certamente, serão positivos”, adianta Expedito Tadeu. “É uma excelente idéia, um trabalho que vai trazer muitos benefícios. Além de render frutos para a suinocultura do estado”, frisou o presidente da APCS, Valdomiro Ferreira Junior.