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25 de Junho de 2024

Agroindústria enfrenta desafios ao lidar com a chegada de suínos sujos às suas instalações

A agroindústria enfrenta uma série de desafios ao lidar com a chegada de suínos sujos às suas instalações. Esses animais deixam as propriedades já sujos ou se sujam ou pioram sua situação durante o transporte e espera, gerando uma série de problemas que vão além da aparência. O maior deles é o risco de contaminação bacteriana, já que suínos sujos podem transportar uma variedade de bactérias patogênicas, representando sérios riscos à segurança alimentar.

No entanto, outros desafios podem ser adicionados a esse cenário. A presença de sujeira pode resultar em contaminação da carne com sujidade, fezes e outros materiais orgânicos. Além disso, a manipulação de suínos sujos pode criar desafios adicionais em termos de higiene e saneamento na instalação de processamento. Isso requer medidas extras para limpar e desinfetar áreas de trabalho, equipamentos e instalações para evitar a propagação de patógenos.

Outra questão é o impacto na eficiência do processamento. A necessidade de limpar e preparar suínos sujos para o processamento pode aumentar o tempo e os custos de mão de obra necessários para a produção de carne. Além disso, a contaminação pode levar à exclusão de lotes inteiros de carne, resultando em perdas financeiras para a empresa.

Quem chama a atenção para o tema é o gerente agropecuário da BRF, Antônio Viscondi Júnior, que apresentou importantes reflexões a sobre a visão da agroindústria no carregamento e transporte de suínos para o abate. Ele palestrou em painel realizado em março, durante o Encontro Regional Abraves-PR 2024, que aconteceu em Toledo. Para Viiscondi Júnior, esse tem sido o principal desafio nessa curta, mas crucial etapa do processo produtivo de carne suína.

Ao abordar os desafios no transporte e manejo dos suínos para o abate, Antônio identifica essa preocupação como primordial. “Hoje o maior problema da agroindústria relacionado à condição e qualidade de animais para abate é o suíno sujo. Temos controle até o carregamento. Dessa forma, 90% dos nossos problemas estão relacionados a isso”, revelou durante sua palestra para médicos veterinários.

Explorando as práticas eficazes para melhorar esse cenário, o profissional elencou uma série de medidas preventivas que são de extrema importância durante o processo, como densidade dentro do caminhão e ‘banho’ a partir de determinadas temperaturas. “Espalhar maravalha pelo percurso (até o caminhão), (observar) o alinhamento do caminhão com o carregador. Carregar os animais de acordo com a documentação (principalmente a Guia de Trânsito Animal – GTA), assim como a nota fiscal do produtor rural – hoje digital. Organizar os animais em pequenos grupos, de forma calma, e utilizar trava de segurança para não ter nenhuma surpresa ou perder os animais no caminho, fazer o alinhamento e distribuição por densidade, ou seja, o número certo de animais por baia. Molhar os animais principalmente em temperaturas acima de 15ºC e cobrir o caminhão com sombrite”, orientou.

Além disso, ele ressaltou a importância da transparência e comunicação com os parceiros que fazem o transporte. “Antes do caminhão sair da propriedade, fazemos uma breve filmagem e demonstramos para a agroindústria como os animais saíram, para garantir a qualidade e condição”, frisou.

Falhas e consequências
O profissional destacou que, embora o manejo para abate seja aparentemente simples, falhas podem resultar em sérias complicações operacionais: “É um manejo para abate simples, mas que pode acarretar em problemas no dia a dia”. Antônio aponta a necessidade de uma abordagem meticulosa em cada etapa do processo e que as perdas vão muito além de condenações e interferem no funcionamento da agroindústria. “Não é somente a questão da contaminação da parte atingida, mas sim o fluxo de produção que acaba travando muito”.

Certificações
Ele enfatiza, no entanto, que do carregamento ao abate, assim como em outras etapas do processo produtivo de carne suína, a certificação em bem-estar animal é uma condição fundamental. “Temos hoje 100% das unidades certificadas em bem-estar animal, caso contrário o negócio não seria sustentável. Temos como regra interna o atendimento às cinco liberdades dos animais e isso é quase como uma Bíblia para nós. Todos devem ser treinados e certificados. Somos certificados tanto nacionalmente como internacionalmente. Mas é claro, sempre temos como melhorar” observa Viscondi.

O Presente Rural | Foto: Freepik