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25 de Julho de 2011

A força da suinocultura capixaba

Iniciada como atividade comercial doméstica no início dos anos 50, de forma bastante distribuída, a suinocultura do Espírito Santo iniciou sua profissionalização de forma tardia na comparação com outros Estados brasileiros. De acordo com o secretário executivo da Associação dos Suinocultores do Estado do Espírito Santo (Ases), Nélio Hand, foi a partir da década de 80 que os produtores melhor estruturados passaram a perceber nichos de mercado desatendidos por grandes empreendimentos sulistas que remetiam produtos basicamente para grandes centros urbanos ou cidades com populações de maior poder aquisitivo. Como conseqüência, e impulsionados por uma maior demanda por seus produtos, Hand explica que tais produtores investiram em instalações e técnicas que possibilitaram ganhos significativos de produtividade, especialmente no quesito peso ideal de abate em relação a um menor tempo de permanência na granja (conversão alimentar). "Estes ganhos proporcionaram saltos substanciais no volume de produção no decorrer dos anos 90, quando o Estado ultrapassou a marca de 11.000 matrizes alojadas", explica Hand, que destaca a fundação da Ases em novembro de 1979 com a expectativa de organizar esse grupo de produtores e buscar mecanismos cada vez mais consistentes do ponto de vista profissional. Dias atuais- De acordo com Hand, atualmente a participação da suinocultura capixaba a nível nacional ainda é pouco expressiva, e atinge 0,7%. No entanto, apesar da pequena representatividade no mercado nacional, a atividade é muito importante para o Estado, especialmente para as pequenas propriedades que vivem dessa atividade. Segundo o secretário da Ases, a grande maioria da produção operacionalizada por pequenos produtores possui ampla tecnologia envolvida no processo produtivo, ou seja, a maior parte da produção está dentro dos preceitos atuais de tecnificação e acompanhando a realidade do mercado. "Atualmente cerca de 70 % da produção conta com tecnologias avançadas de tratamento de efluentes por exemplo, através de sistema de biodigestores. Isso coloca a produção do estado próxima da organização total e em conformidade com o formato de produção preocupado com a qualidade sócio-ambiental", destaca Hand. Apesar dos dados positivos, Hand salienta que a suinocultura capixaba enfrenta hoje uma forte crise, a exemplo com o que vem ocorrendo com outros estados produtores. "O produtor vem de um período de capitalização de seu negócio e de fortalecimento da sua estrutura com modernização, mas está sentindo os fortes impactos desse momento difícil", explica. Segundo ele, outro aspecto negativo enfrentado pela atividade são os entraves causados pela distância do Espírito Santo dos centros produtivos de matérias prima. "Vários estados estão pagando preços muito altos, especialmente com o milho, em uma época onde se tem notícias de que a produção do insumo está satisfatória, dentro das previsões, não havendo necessidade de exageros neste contexto", afirma o representante da Ases. "Isso, em médio prazo, prejudica o setor adquirente como um todo e acabará interferindo no custo dos nossos produtos junto ao consumidor final". Ações e projeções - Visando a expansão e a qualificação do setor, Hand explica que a Associação de Suinocultores do Espírito Santo abraçou em 2010 o Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS), desenvolvido pela Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) e o SEBRAE. Com o PNDS, a entidade pretende aumentar o consumo de carne suína em dois quilos per capita e para isso deve investir, até 2012, quase R$ 1 milhão de reais no Estado. "Vale ressaltar que o PNDS, no caso do Espírito Santo, está inserido dentro da Gestão Estratégica Orientada para Resultados (GEOR), projeto para o desenvolvimento da atividade suinícola estadual, que também tem como objetivos a expansão e a qualificação do setor, inclusive com forte preocupação relativas às questões ambientais, como o estimulo e apoio à instalação de biodigestores nas granjas, mesmo as de pequeno porte", explica Hand. " Para os próximos anos, estão previstas mais ações para inserir de vez a carne suína no cardápio dos capixabas como realização de palestras técnicas para nutricionistas em instituições de ensino, realização de estudos para o mapeamento do consumo da carne, inserção da carne suína na merenda escolar, dentre outras ações. Além de dar continuidade aos trabalhos de treinamento e qualificação do setor", finaliza. Números- O setor da suinocultura do Estado possui grande importância local, sendo fundamental para os produtores que atuam e demonstra os seguintes números de representação (considerados os associados à Ases): - Número de produtores: 53 Onde temos 3 produtores de grande porte, 11 de média capacidade e os demais pequenos e micros. Mesmo sendo de pequenas proporções, o setor configura-se como extremamente importante na medida em que oferece condições de acesso a renda para muitas famílias proprietárias de imóveis rurais com extensão na faixa de 2 a 8 hectares. - Alojamento médio mensal de animais 2010: 18.660 cabeças* . (*) Número compreende animais para corte e animas reprodutores. - Produção médio mensal 2010: 2.050 ton. A produção de carne do setor é totalmente consumida no mercado interno, a qual atende cerca de 40% da demanda capixaba de carne "in natura" (não se incluem embutidos e defumados). - Número de empregos gerados atividade 2010 / 2011: a) Diretos: 2.850 b) Indiretos: 1.900 Além desses, outras 15.000 pessoas possuem, de alguma forma, vínculos empregatícios decorrentes da suinocultura.