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19 de Julho de 2022
Manejo correto do cocho melhora a rentabilidade na produção de suínos
A suinocultura brasileira vem passando por uma crise considerável. De acordo com os dados do Cepea, depois de novembro de 2020 no qual o preço pago ao produtor ficou entre R$ 8,50 a R$ 9,50, os produtores amargam mais de 16 meses de prejuízo. O milho, que compõe em média 60 a 80% da ração fornecida aos animais, apresentou constante alta de preços nesse mesmo período. Associado a isso temos altas dos ingredientes proteicos, vitamínicos e minerais devido a problemas de suprimentos e preços dolarizados, além de momentos de desabastecimento em razões de trânsito marítimo, restrições por consequência da Covid-19, entre outros fatores. A alta no milho e soja e queda no preço pago ao produtor é a realidade de quem vive de produzir suínos.
É inegável que o cenário é desafiador para o produtor brasileiro, no entanto, temos que conduzir nossos esforços para reduzir o prejuízo e buscar mais competitividade. Nesse sentido abordaremos um pouco sobre a regulagem de cocho, o seu uso e o impacto que tem esse manejo no ambiente de produção.
É muito difícil estabelecer um padrão de regulagem de cocho diante de fatores como a granulometria da ração, a fluidez dos ingredientes, o tipo e a regulagem de cocho, a palatabilidade da ração, a utilização de água nos cochos, a densidade dos animais na baia, a manutenção e a altura dos cochos e principalmente o colaborador que realiza o controle diário de alguns desses fatores. Devemos ter em mente três principais fatores que norteiam todo o processo de utilização do cocho e que são primordiais no sucesso da produção, são eles: facilidade de acesso ao cocho, velocidade de consumo do animal e preenchimento de bandeja.
Cochos na creche
Para leitões na creche, o ajuste de cocho deve ter maior foco no desperdício de ração, e mais importante é a acessibilidade dos leitões ao cocho, assim, se o acesso a ração no cocho for dificultoso, como por exemplo a altura da borda do prato ser alta demais, o animal passará mais tempo tentando se alimentar, ocupando o espaço de comedouro dos outros animais. Outro detalhe importante é que a dificuldade dos animais em se alimentar pode desencadear alguns comportamentos estereotipados, como morder rabo, vicio de sucção, mordida de orelha entre outros fatores de comportamento social que prejudicam a adaptação dos animais recém desmamados e consequentemente diminuição de consumo e crescimento. Pesquisadores relataram que o tempo que um animal gasta comento, começa a declinar 21 dias após o desmame, e que que isso se deve à capacidade de consumo do animal aumentar à medida que vai se desenvolvendo, isso reforça a importância das dietas pré-inicias serem de alta palatabilidade e de maior digestibilidade até os 45 dias de vida.
Cochos na engorda
Um trabalho desenvolvido em Kansas em 2010, pesquisadores avaliaram 3 regulagens de cocho relacionados à cobertura de prato, o resultado encontrado sugere que no início do alojamento, o cocho deve ser ajustado para uma cobertura de prato de 58%, ou seja, deve ser ofertado em maior volume, o que não interfere na conversão alimentar, no entanto, após esses animais atingirem por volta de 68 kg, aproximadamente 115 dias de idade, o cocho deve ser ajustado para uma cobertura de prato menor, de 28%. Na prática devemos considerar que à medida que os animais vão crescendo a regulagem de cocho deve acompanhar de forma gradativa, diminuindo a cobertura de prato e 28 ou 25% de cobertura de prato é uma boa medida para ser considerada em animais mais velhos.
Sobre a utilização de água no cocho, existem vários estudos que mostram que a água presente no cocho aumenta o consumo médio diário de ração e esse consumo elevado pode aumentar a conversão alimentar. Um estudo avaliou diferentes regulagens de cocho comparando cochos com água e sem água.
Os pesquisadores encontraram um desempenho reduzido quando a configuração de abertura de cocho ficou mais fechada no início do alojamento dos animais, isso mostra que mesmo com a água no cocho, a regulagem é um fator primordial durante todo o período de alojamento para se ter um bons resultados sobre o consumo. O mesmo autor ressalta que o consumo de ração em cochos com a presença de água é mais sensível às diferenças de abertura.
Com isso podemos afirmar que é muito importante em qualquer tipo de cocho o acompanhamento da regulagem durante todo o período de alojamento dos animais. Outro detalhe importante no mesmo estudo é que houve um aumento no custo da ração associado ao maior consumo nos cochos com a presença de água, e que isso eliminou qualquer benefício de um peso maior no final.
No campo, a questão de ter água ou não no cocho deve ser avaliada a cada granja, pois devemos utilizar o benefício da água a nosso favor, ou seja, em momento que o mercado está favorável a maior desempenho, a água é uma boa estratégia para melhorar o ganho de peso, no entanto, quando o mercado não é favorável a retirada de água e um ajuste mais detalhado de cocho pode fazer a diferença no custo de produção.
Em uma granja onde realizei um projeto de ajuste de cocho, os colaboradores foram treinados a manusear o tipo de cocho presente na granja e assim trabalhamos a rotina com um foco na regulagem desses cochos. Após seis meses de trabalho realizamos um fechamento onde constatamos uma redução de 4% no consumo de ração, mantendo o mesmo resultado de ganho de peso e peso final.
Estudo sobre o desperdício
Muitas vezes não percebemos a importância de manter um cocho regulado e com a manutenção em dia. Sabemos que cada granja possui suas particularidades, mas vamos realizar um cálculo simples que pode nos dar uma ideia da importância de realizar esses ajustes.
Considerando uma granja de ciclo completo de mil matrizes com os seguintes índices de produção: 2,45 P/F/A e 47 partos semanais e média de 12,5 desmamados, isso equivale a um desempenho de 30 DFA. Uma granja como essa aloja aproximadamente 580 animais por semana (vamos arredondar para facilitar os cálculos), além disso, vamos considerar que a idade de saída de creche seja de 63 dias e de abate seja 161 dias, totalizando 14 lotes de 580 animais no período de crescimento e engorda. Dando sequência, vamos considerar que para cada lote de 580 animais é utilizado um cocho para 45 animais, assim cada lote utilizaria aproximadamente 13 cochos, concluindo um número de 182 cochos utilizados na fase de crescimento e engorda dessa granja modelo.
Com esses números faremos uma conta simples considerando o desperdício de 1,0 kg por cocho temos em 30 dias um desperdício total de ração de 5.460 kg. O custo médio atual de uma dieta utilizando milho e soja é de aproximadamente R$ 2,05 o quilo, portanto o prejuízo mensal soma R$ 11.193.
É inegável que o cenário é desafiador para o produtor brasileiro, no entanto, temos que conduzir nossos esforços para reduzir o prejuízo e buscar mais competitividade. Nesse sentido abordaremos um pouco sobre a regulagem de cocho, o seu uso e o impacto que tem esse manejo no ambiente de produção.
É muito difícil estabelecer um padrão de regulagem de cocho diante de fatores como a granulometria da ração, a fluidez dos ingredientes, o tipo e a regulagem de cocho, a palatabilidade da ração, a utilização de água nos cochos, a densidade dos animais na baia, a manutenção e a altura dos cochos e principalmente o colaborador que realiza o controle diário de alguns desses fatores. Devemos ter em mente três principais fatores que norteiam todo o processo de utilização do cocho e que são primordiais no sucesso da produção, são eles: facilidade de acesso ao cocho, velocidade de consumo do animal e preenchimento de bandeja.
Cochos na creche
Para leitões na creche, o ajuste de cocho deve ter maior foco no desperdício de ração, e mais importante é a acessibilidade dos leitões ao cocho, assim, se o acesso a ração no cocho for dificultoso, como por exemplo a altura da borda do prato ser alta demais, o animal passará mais tempo tentando se alimentar, ocupando o espaço de comedouro dos outros animais. Outro detalhe importante é que a dificuldade dos animais em se alimentar pode desencadear alguns comportamentos estereotipados, como morder rabo, vicio de sucção, mordida de orelha entre outros fatores de comportamento social que prejudicam a adaptação dos animais recém desmamados e consequentemente diminuição de consumo e crescimento. Pesquisadores relataram que o tempo que um animal gasta comento, começa a declinar 21 dias após o desmame, e que que isso se deve à capacidade de consumo do animal aumentar à medida que vai se desenvolvendo, isso reforça a importância das dietas pré-inicias serem de alta palatabilidade e de maior digestibilidade até os 45 dias de vida.
Cochos na engorda
Um trabalho desenvolvido em Kansas em 2010, pesquisadores avaliaram 3 regulagens de cocho relacionados à cobertura de prato, o resultado encontrado sugere que no início do alojamento, o cocho deve ser ajustado para uma cobertura de prato de 58%, ou seja, deve ser ofertado em maior volume, o que não interfere na conversão alimentar, no entanto, após esses animais atingirem por volta de 68 kg, aproximadamente 115 dias de idade, o cocho deve ser ajustado para uma cobertura de prato menor, de 28%. Na prática devemos considerar que à medida que os animais vão crescendo a regulagem de cocho deve acompanhar de forma gradativa, diminuindo a cobertura de prato e 28 ou 25% de cobertura de prato é uma boa medida para ser considerada em animais mais velhos.
Sobre a utilização de água no cocho, existem vários estudos que mostram que a água presente no cocho aumenta o consumo médio diário de ração e esse consumo elevado pode aumentar a conversão alimentar. Um estudo avaliou diferentes regulagens de cocho comparando cochos com água e sem água.
Os pesquisadores encontraram um desempenho reduzido quando a configuração de abertura de cocho ficou mais fechada no início do alojamento dos animais, isso mostra que mesmo com a água no cocho, a regulagem é um fator primordial durante todo o período de alojamento para se ter um bons resultados sobre o consumo. O mesmo autor ressalta que o consumo de ração em cochos com a presença de água é mais sensível às diferenças de abertura.
Com isso podemos afirmar que é muito importante em qualquer tipo de cocho o acompanhamento da regulagem durante todo o período de alojamento dos animais. Outro detalhe importante no mesmo estudo é que houve um aumento no custo da ração associado ao maior consumo nos cochos com a presença de água, e que isso eliminou qualquer benefício de um peso maior no final.
No campo, a questão de ter água ou não no cocho deve ser avaliada a cada granja, pois devemos utilizar o benefício da água a nosso favor, ou seja, em momento que o mercado está favorável a maior desempenho, a água é uma boa estratégia para melhorar o ganho de peso, no entanto, quando o mercado não é favorável a retirada de água e um ajuste mais detalhado de cocho pode fazer a diferença no custo de produção.
Em uma granja onde realizei um projeto de ajuste de cocho, os colaboradores foram treinados a manusear o tipo de cocho presente na granja e assim trabalhamos a rotina com um foco na regulagem desses cochos. Após seis meses de trabalho realizamos um fechamento onde constatamos uma redução de 4% no consumo de ração, mantendo o mesmo resultado de ganho de peso e peso final.
Estudo sobre o desperdício
Muitas vezes não percebemos a importância de manter um cocho regulado e com a manutenção em dia. Sabemos que cada granja possui suas particularidades, mas vamos realizar um cálculo simples que pode nos dar uma ideia da importância de realizar esses ajustes.
Considerando uma granja de ciclo completo de mil matrizes com os seguintes índices de produção: 2,45 P/F/A e 47 partos semanais e média de 12,5 desmamados, isso equivale a um desempenho de 30 DFA. Uma granja como essa aloja aproximadamente 580 animais por semana (vamos arredondar para facilitar os cálculos), além disso, vamos considerar que a idade de saída de creche seja de 63 dias e de abate seja 161 dias, totalizando 14 lotes de 580 animais no período de crescimento e engorda. Dando sequência, vamos considerar que para cada lote de 580 animais é utilizado um cocho para 45 animais, assim cada lote utilizaria aproximadamente 13 cochos, concluindo um número de 182 cochos utilizados na fase de crescimento e engorda dessa granja modelo.
Com esses números faremos uma conta simples considerando o desperdício de 1,0 kg por cocho temos em 30 dias um desperdício total de ração de 5.460 kg. O custo médio atual de uma dieta utilizando milho e soja é de aproximadamente R$ 2,05 o quilo, portanto o prejuízo mensal soma R$ 11.193.