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29 de Dezembro de 2011
2012 deverá ser um novo ano de recessão na Europa
Riscos no setor bancário, aperto nas condições de crédito, queda na confiança de consumidores e empresários e novas medidas de austeridade fiscal sugerem uma maior contração na atividade econômica nos próximos trimestres na Europa ocidental, avaliam analistas
Índice de confiança - Uma pequena alta no índice IFO de confiança nos negócios na Alemanha foi uma boa surpresa nesta terça-feira (20/12), mas que dificilmente mudará as perspectivas sombrias da economia da zona do euro. O indicador alemão subiu de 106,6 para 107,2, indicando que a locomotiva da Europa não está mergulhando na recessão, mas também que o cenário é, na melhor hipótese, de expansão econômica muito fraca e que pode se deteriorar de novo. Analistas duvidam que a Alemanha continuará como um "refúgio" dos problemas da periferia da zona do euro.
Suécia - Além disso, a redução também nesta terça da taxa de juros pelo banco central da Suécia, de 2% para 1,75%, confirmou que mesmo as economias europeias com melhor desempenho não estão imunes à recessão que se agrava na região.
Solução - Em 2012, uma solução para a crise da dívida soberana na zona do euro continuará sendo o principal tema na região. E o aumento progressivo da austeridade fiscal em grandes países, deterioração no acesso a crédito numa economia altamente dependente de financiamento bancário e a rápida deterioração da confiança alimentam o pessimismo.
Estimativas oficiais - As estimativas oficiais apontam expansão raquítica de 0,2%, enquanto o mercado aposta em contração de 1% nos 17 países da zona do euro no próximo ano. As projeções são quase todas para o vermelho no mapa europeu. Na Alemanha, o crescimento passa de 3,1% neste ano para estagnação no ano que vem. Na França, a segunda maior economia, de 1,6% neste ano para -0,3% em 2012. Na Itália, a terceira economia da zona do euro, de 0,5% para -1,3%. Na Espanha, de 0,6% para -0,9%. Portugal afunda ainda mais na recessão, com a contração podendo aumentar de -1,5% neste ano para -2,9% no ano que vem.
Crescimento débil - Para Pascal Lamy, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), a certeza para o resto do mundo é que a Europa terá crescimento débil pelos próximos cinco anos. A dúvida é se essa situação se estenderá por dez anos.
Enfraquecimento interno e externo - As perspectivas são de maior enfraquecimento tanto nas frentes domésticas como externa. A intensificação de planos de ajuste e desemprego recorde derrubam ainda mais o consumo. A Comissão Europeia projeta queda de 50% no crescimento da demanda da zona do euro por importações de bens e serviços. As exportações tampouco tendem a aumentar.
Planos de socorro - É improvável uma implosão da zona do euro. Mas o foco continua em planos de socorro, e não em frear o contágio de uma vez por todas. Até outubro, países em crise receberam ? 670 bilhões de apoio financeiro. O aumento da capacidade de empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI) dificilmente criará uma rede de proteção (firewall) suficiente para deter o mercado de empurrar a Itália ou Espanha para perto do calote.
Grécia - Apesar do segundo pacote de socorro, a ameaça de default e saída da zona do euro continuará a assombrar a Grécia. O banco Barclays vê risco crescente de calote grego no primeiro trimestre de 2012. Na Itália, a situação é positiva até agora para o novo premiê, Mario Monti. Mas o governo de tecnocratas precisa de tempo suficiente no poder para fazer reformas estruturais difíceis, assinalam analistas. Na Espanha, o déficit das centenas de municípios e regiões vai dar ainda mais dor de cabeça, associado ao desemprego recorde de 23% da população ativa.
Volatilidade - A empresa de classificação de riscos Fitch projeta persistência da crise pontuada por mais episódios de severa volatilidade nos mercados financeiros. Ainda mais com a esperada degradação das notas de crédito de vários países europeus. A França já parece conformada em perder seu triplo A, que significa perder o status de fora de risco.
Normalidade improvável - "Um retorno suave a uma nova normalidade é improvável", na avaliação de Deustche Bank. E quanto mais a economia se deteriora, maior a oposição à austeridade nos países vulneráveis, como também maior será a relutância de se fornecer ajuda aos países mais inseguros.
Política - Para boa parte dos analistas, o Banco Central Europeu (BCE) sozinho não pode resolver a crise. A solução para a crise continua nas mãos dos políticos. A boa notícia é que 2011 termina com a UE finalmente indo na direção de mudanças institucionais e políticas. O novo "pacto fiscal" é visto como o começo da tentativa da Europa de fazer "união econômica" ir de par com a "união monetária".